sábado, outubro 01, 2005

Oprah



Há uns tempos atrás, estava eu em casa das minhas primas, e elas viam um programa na SIC Mulher...
Na altura era sobre pessoas que tinham, realmente, muita sorte na vida.

Foi aí que fiquei a conhecer a (tão famosa) Oprah.

A Oprah é um ídolo nos Estados Unidos. Ou talvez no Mundo inteiro! Claro, para aqueles que têm acesso à televisão por cabo.
É uma excelente comunicadora, mas, acima de tudo, um ser humano incrível!
A partir daquele dia, comecei a acompanhar o programa.
Na minha opinião, é um programa que presta Serviço Público.

Trata dos temas mais variados, desde violação, traição, depressão, até como parecer dez anos mais novo/a, comer bem, ou remodelar uma divisão da casa.
Tem de tudo. É sobre a vida!

No meio de toda essa diversidade, naturalmente que já me identifiquei com muitos temas, com muitas pessoas que estiveram no programa a falar de problemas pelos quais já passei. Claro que, nalguns deles, não consegui conter as lágrimas. E o melhor é saber que não estamos sozinhos nessas situações! Ver e ouvir outras pessoas falar de coisas que já nos aconteceram (sejam más, sejam boas – embora me esteja a referir às piores) é purificador, como se nos lavasse a alma. Melhor, só mesmo falar sobre isso!

Com isto onde é que eu quero chegar?

Acabou agora mesmo mais um programa da Oprah.
Não vi de início, apanhei apenas a última história.
Era sobre uma jovem que se auto-mutilava: cortava-se para ver o seu próprio sangue, passava-o noutras partes do corpo, sujava o que estivesse à sua volta, principalmente roupa branca.
Portanto, aquilo deve ter sido um repórter de imagem e mais alguém (ou jornalista e/ou médico) que a acompanharam durante algum tempo, filmando o dia-a-dia dela, incluindo as crises.
Muito bom, muito real, muito desesperante.
Percebi perfeitamente o que ela sentia. A minha mãe, que estava na mesma sala que eu, só dizia “olha para aquilo, é um autêntico bicho!” ou “aquilo é uma doença!”.

Uau! Que novidade!
Mas é o que a maioria das pessoas diz, perante uma situação semelhante: está doente!
Porquê?
Acho que por ser mais fácil e, principalmente, porque talvez assim se sintam melhor consigo mesmas por verem alguém sentir-se tão mal na própria pele.
E lá devem pensar que, ao menos, não estão assim tão mal!

Enfim, esquecem-se que, às vezes, é por elas que depois existem pessoas assim, que sofrem tanto.
No caso da rapariga da reportagem, tinha sido molestada em pequena.
Os pais na altura, pelo que disseram no programa, ficaram chocados mas acharam que rezar [e pouco mais] seria o suficiente.
Como é óbvio, esse (grande) problema veio a reflectir-se mais tarde, numa quase inexistente auto-estima, num forte desejo de se sentir amada, querida, afagada, confortada...

Um outro senhor no programa, que supostamente estava a analisar o caso dela (e se calhar outros casos) disse que ele, enquanto pai, não se podia culpar por um problema que não era dele. Ou seja, podia e devia, claro, ajudar mas não culpar-se.
Errado!
A família é determinante!
São problemas graves? Muito!
Mas se houver um grande apoio, aquilo que todas as famílias deveriam ser (e, na maioria, não são!) – O porto seguro –, acredito que, com o tempo, o problema extingue-se.

O importante é que, quem está à volta, não se comporte como uma avestruz e procure saber, mesmo, o que se passa. Procure a pessoa, fale com ela, sinta o que ela não diz.
Porque, no fundo, nós somos muito aquilo que vivemos e experienciamos.
Cada vez mais me convenço que somos o Muito o produto da nossa educação.
Marca-nos para sempre!

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