sexta-feira, janeiro 06, 2006

Também quero

O mais recente livro de António Lobo Antunes: quero-o!
Pelo que já ouvi falar na comunicação social... só pelo autor...
Este Natal comprei-o mas para o oferecer aos meus titios. Imperativo!
Agora tenho mesmo de comprá-lo só para mim.

Entretanto, descobri que o Pedro Ribeiro (que eu admiro imenso) também admira o autor a que me refiro. Faço minhas as palavras dele. Porque também ele escreve coisas muito bonitas.

"Escreve e diz coisas extraordinárias, às vezes; tantas vezes.Ando a ler o livro das cartas dele para a mulher, quando ele estava na guerra colonial. Maravilhoso. A começar pela capa. Tanto dito numa imagem a preto e branco...Depois li aqui, que eles se separaram e que ele reconheceu a estupidez da decisão, pela vida fora. É sempre assustador e inquietante por um lado, mas por outro lado se calhar natural e apenas humano, que um Amor o seja...só enquanto o é. Mas olhando para estas cartas, e o enorme amor que delas emanava, ao perceber toda a fúria de um Amor exacerbado, como todos, pela distância, mas real, como poucos, na transparência das palavras escritas...eu queria que tivesse sido para sempre. Bem, agora que penso nisso, claro que foi para sempre, à sua maneira. Mas, por um momento, pareceu que a vida não esteve á altura de um amor assim, o que é triste.
António Lobo Antunes é um escritor que é, para este leitor; que é um leitor, face ao seu génio impreparado mas sempre empenhado, ambivalente...Eu adoro algumas coisas que dele li (a frase "triste como um pátio à chuva" é das coisas mais extraordinárias que alguma vez descobri num livro)...outras...estranho-as ao ponto de nunca as assimilar.
Ele é demasiado grande para mim. Mas hoje voltei a sentir-me próximo dele; eu que só o conheço dos livros. Foi por causa de uma ideia que ele tem, que é esta:
'É mais sensual uma mulher vestida do que uma mulher despida. A sensualidade é o intervalo entre a luva e o começo da manga'.
Este homem sabe. E sabe que sabe. O homem que eu adorava entrevistar, mas nunca terei coragem de convidar."

Também eu gostava de entrevistar António Lobo Antunes.
Mas também Pedro Ribeiro.
Um dia, quem sabe...

1 comentário:

Anónimo disse...

...quando for grande quero ser como ele...bicho com olhos transparentes e triste como um pátio à chuva...