domingo, maio 21, 2006

Uma Tulipa para Anne Frank

"A história que ficou por contar"

Li-o, finalmente.
Gk, já to posso devolver!


"As pessoas que não têm segredos pensam num segredo como algo de oculto, de escuro. Passa-se exactamente o contrário. São brilhantes. Iluminam-nos. E não nos dão descanso. Um segredo é como uma lâmpada acesa numa cela, noite e dia." (pg. 9)

"Odeio tulipas. São demasiado bonitas quando estão vivas e parecem tão mortas quando morrem." (pg. 13)

"Amor e elogios em conjunto, era raro." (pg. 14)

"Mas se o meu pai o dizia é porque era verdade." (pg. 14)

"Mas é isso que a guerra faz. Torna possíveis coisas impossíveis. E fá-lo com tanta frequência que as transforma em rotinas. Como a fome. Como enviar crianças para a sua morte." (pg. 31)

"Numa guerra nada é previsível, nem mesmo a violência. Está a caminho, está a caminho, e depois, de repente, desvia-se noutra direcção." (pg. 43)

"Senti-me como se tivesse morrido e como se a minha família tivesse continuado sem mim. Vi o que os fantasmas vêem. Que ninguém sente assim tanto a nossa falta, que ninguém se importa assim tanto." (pg. 57)

"Uma casa vazia tem o seu próprio som." (pg. 61)

"Pode-se sempre dizer se alguém gosta de nós pelas mãos." (pg. 84)

"Por isso, Deus, estou a fazer-Te uma pergunta. Dos milhares de pessoas que denunciaram os judeus, porque me conduziste Tu, a mim, a denunciar a única que se tornaria mundialmente famosa e nunca mo deixaste esquecer quer de noite quer de dia." (pg. 164)

"Mas o que caminhar tem de bom é que, mais cedo ou mais tarde, isso nos dá fome e a fome distrai-nos dos nossos problemas." (pg. 165)

"Ela é uma pequena e snob rapariga rica que faz listas daquilo que vai comprar depois da guerra, e que viraria o nariz para cima se passasse por mim na rua." (pg. 170)

"As pessoas podem ter um 'fundo bom', mas Deus não o tem." (pg. 172)

"Passo por lá já tarde, durante a noite ou de manhã cedo, antes que a Casa de Anne Frank abra e uma longa fila de pessoas se forme. A entrada custa sete euros e meio. Transformaram-te numa santa e num negócio." (pg. 173)

"Não me refiro à minha morte, refiro-me a outra coisa, a algo relacionado com o segredo, especialmente agora que o deixei sair do saco." (pg. 174)

"Todos os documentários são a preto e branco. Estes miúdos modernos devem pensar que o passado aconteceu a preto e branco. Por vezes, parece que aconteceu assim." (pg. 177)

"Permaneço perante esse letreiro e, durante um segundo, sorrio um sorriso secreto para mim mesmo. Não é bem assim." (pg. 179)

"Não, tive razão ao confessar, ao ler o Diário, ao vir a tua casa, agora pela primeira vez em cinquenta anos, sinto-me livre de toda esta maldita coisa." (pg. 180)

"É preciso força para nos matarmos. Determinação. Temeridade. O que quer que seja preciso, eu não o tenho. Também falho nisso." (pg. 204)

"Mas seis segundos é muito porque cada segundo é enorme. Um segundo é tão grande quanto o mundo. Maior. Todo o mundo pode caber dentro de um segundo e cabe, segundo após segundo." (pg. 222)

Richard Lourie

3 comentários:

GK disse...

Adorei ver tão bem escrito/descrito a ideia de que um grande segredo domina uma pessoa. E, ao mesmo tempo que a sofoca, também a alimenta, no sentido em que, cada acto, é tido à luz dele, para o manter. E, quando a pessoa já não aguenta mais e o revela, parece que o mundo deixa de fazer sentido, porque todas as acções passadas deixaram de fazer sentido, ´deixam de ter justificação...
Este livro apresenta o caso prático do que uma pessoa é capaz de fazer em circunstâncias extraordinárias (coisas que garantiria sempre ser incapaz de fazer em circunstâncias normais) e sobre como UMA decisão pode afectar uma vida PARA SEMPRE!

Bj.

BAd disse...

Um retracto muito impressionante da vida da 2.ª guerra na Holanda.
Li, de facto, devorei e simplesmente adorei.

Lua disse...

Já o li há uns anos, mas também gostei. Se gostaste deste lê então o primo levi, vais adorar!

Marta