De entre tantas coisas que já li e com as quais me identifiquei, esta é a que melhor se adequa a este momento:
"O sono que desce sobre mim,
O sono mental que desce fisicamente sobre mim,
O sono universal que desce individualmente sobre mim -
Esse sono
Parecerá aos outros o sono de dormir,
O sono da vontade de dormir,
O sono de ser dono.
Mas é mais, mais de dentro, mais de cima:
É o sono da soma de todas as desilusões,
É o sono da síntese de todas as desesperanças,
É o sono de haver mundo comigo lá dentro
Sem que eu houvesse contribuído em nada para isso.
O sono que desce sobre mim
É contudo como todos os sonos.
O cansaço tem ao menos brandura,
O abatimento tem ao menos sossego,
A rendição é ao menos o fim do esforço,
O fim é ao menos o já não haver que esperar.
(...)"
Álvaro de Campos
Estes últimos seis meses foram um misto de várias emoções, de algumas decisões.
Andei quase sempre numa grande angústia.
Por um lado, o estar ocupada.
Por outro, o não estar realizada.
Nunca pensei que fosse tão complicado gerir.
Por vezes, estive mesmo para acabar com tudo.
Mas, depois, vinha o meu lado racional.
Só que também não sei se já terei idade para ser assim, tão racional!(?)
No meio de sonhos e talentos, acabei por descobrir uma profissão deveras aliciante e que me preenche.
Foi para isso que estudei e trabalhei.
Podia não ter boas notas a tudo, mas à minha verdadeira paixão não a deixei ficar mal.
Mas, até agora, isso não me valeu de absolutamente nada.
Não consigo arranjar trabalho naquilo que gosto!
E o pior é que não estou a conseguir conviver com essa realidade.
Devo lutar, batendo constantemente contra a parede?
Ou devo resignar-me, como a maioria dos portugueses, e contentar-me com um salário certinho ao fim do mês?
Juro que não sei!
Claro, o dinheiro tem-me dado jeito, nestes últimos tempos, apesar de não ser muito.
Entretanto, soube que o meu contrato não vai ser renovado.
Sei que o erro foi meu: nunca escondi que procurava algo, outra coisa - muito diferente - na minha área.
Devia ter ficado calada.
Mas também acaba por ser um alívio.
No entanto, é sempre preferível sermos nós a sair (pelo menos, para o ego).
Gostaria de acreditar que tudo isto tem um propósito.
Que talvez seja um favor que me estão a fazer.
Só que não consigo deixar de pensar na incógnita dos próximos tempos...
Porque é que acreditamos sempre que connosco tudo pode ser diferente? Tudo pode ser melhor?
9 comentários:
.....ah! a angústia é uma coisa terrivel.....quando pega é preciso esfregar muito para sair..... mas quando sai demora a voltar......
Beijinhos e boa semana
Eu percebo-te. Agora estou a estagiar, mas o que vou fazer depois que acabar o estágio? A minha área também está sobrecarregada. O que me dá alguma luz ao fundo do tunel é que no fundo eu até sou bastante polivalente e se conseguir encontrar um trabalho jeitoso consigo adaptar-me... Vamos lá ver como será o futuro.
Boa sorte para ti!
Claro que pode tudo ser diferente. Se para uns é, também o pode ser para nós.
Só para dizer que estou de volta das férias e que volto aqui em breve para saber tudinho o que se tem passado.
Beijinhos de saudades :)
Porque pode ser diferente!
Compreendo cada palavra porque já a vivi, já a disse ou já a escrevi algures...
Sabes, tenho medo de me deixar ficar refém desse sono de que falas. Há momentos, sim, mas consegui sempre virar a mesa. Apenas para voltar ao ponto de partida. Não sei. O jogo parece estar viciado. Ando à volta, à volta e não encontro a saída. Cansa.
Mas há uma coisa que EU SEI: desistir não é opção. Nunca.
td vai melhorar...acredita!!!****
acreditamos porque somos optimistas e temos "fé" em nós mesmos como tu tens em ti!
beijos
hum...
porque se não acreditássemos, resignávamos ao salário no fim do mês, viesse de onde viesse?
*
Conheço essa angústiae mais do que isso, a ansiedade. É terrível! Só temos que dar tempo ao tempo, e tudo acontecerá da maneira que for melhor para nós. Boa sorte, força!
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