sexta-feira, novembro 30, 2007

Não há pessoas perfeitas...

... mas há frases assim, que dizem tudo!
(Esta, tive que roubá-la.)


"E de novo acredito que nada do que é importante se perde verdadeiramente. Apenas nos iludimos, julgando ser donos das coisas, dos instantes e dos outros. Comigo caminham todos os mortos que amei, todos os amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se apagaram. Não perdi nada, apenas a ilusão de que tudo podia ser meu para sempre."

Miguel Sousa Tavares

quinta-feira, novembro 29, 2007

Cintura


A apresentação foi ontem, na Fnac.
As músicas ainda não conheço, mas foi bom vê-los tão de perto.
Ela, Manuela Azevedo, é linda e perfeita na dosagem que faz da sua intensidade!

terça-feira, novembro 27, 2007

Fazes-me falta

"Quando o pior acontecia, aquele sorriso descia às minhas trevas com um soluço de baloiço, um gingar de gonzos arrancado às cordas da infância. Eu sentava-me nele e subia, balouçando, até à luz."

"Ninguém mais vai estar à minha espera, não terei de me disfarçar de desculpas, não voltarei a iludir ou desiludir ninguém."

"(...) essa gargalhada póstuma destoaria do meu belo arquivo de gargalhadas tuas. Estragava-lhe a estética, entendes?"

"Como sabes, eu vivo por relâmpagos, contigo partilhei uma trovoada um pouco mais longa do que o habitual. Foi apenas isso."


"(...) o meu olhar sem órbitas move-se por ampliações máximas de pormenores mínimos."


"- Vê-se tão bem quem joga com tudo o que é e quem joga só com o corpo, dizias tu."


"De repente, estava quase velho – como toda a vida me apetecera ser. Com direito a resmungar, a jorrar sentenças e lançar ralhetes, a ter razão respeitada de quem já não espera ter mais nada. E vi-me esvaziado, sem perceber porquê. Com vontade de resmungar sem razão, de sentenciar sem sentido. De experimentar de novo a arrogância aflita da juventude."

"Há tantas coisas que nunca te disse – e dizias tu que eu falava demais. Flutuo por este noante em busca dessas palavras a menos, atravessadas entre nós como um longo corredor de prisão. (...) não te perdoo o que não soubeste saber de mim. (...) não me perdoo o que não soube verter-te de mim."

"É verdade que não paravas de falar. Mesmo ou sobretudo sem palavras, com o movimento do teu corpo, a força dos teus abraços em carne viva."

"Fazes-me falta, merda – já te disse?"

"Tanto que eu queria agora dar-te o amor total e infantil que tinha para te dar. Racionei-o a vida inteira como a porra de um chocolate de leite – por que vivemos como se o tempo nos pertencesse infinitamente, como se pudéssemos repetir tudo de novo, como se pudéssemos alguma coisa?"

"Eu usava a música como banda sonora, canções feitas à medida de cada estado de alma (...)."

"Há uma energia ética nos funerais. Um desespero pelo bem que lança pó de estrelas nos olhos e apaga os pequenos ressentimentos quotidianos. Amanhã voltaremos a invejar-nos uns aos outros. A maldizer o próximo pela calada. A trair grandes amigos em pequenos cafés de negócios. A ser bonzinhos só de vez em quando."

"Quando as coisas deixam de durar, alteram-se. O simples facto de deixarem de ser altera-se, por mais que procuremos fazê-las estancar."


"Todos os filhos nascem póstumos de um amor que já não flutua no ar que respiram. Tentativas, tentações de ampliar o conhecimento da vida, quando a vida só se deixa conhecer pela porta escura da ignorância, do desentendimento."

"Há quanto tempo não me arde o coração?"

"Sempre fui nostálgica, sobretudo do que não chegou a acontecer. Dos deslumbramentos a haver."

"Enganam e consolam, as palavras. Como a seda."

"Morri tantas vezes antes de morrer – morri sempre que o amor parava, e o amor estava sempre a parar dentro de mim. Parava e crescia, comia tudo o que eu sabia."

"Consolamo-nos na beleza imediata das coincidências, escapa-nos a beleza catastrófica dos acasos."


"Ainda terei tempo para te esquecer? O teu riso em carrossel, é esquecível?"

"Demasiado tarde. São estas as palavras mais tristes de qualquer língua."

"Todos nós saltamos de galho em galho como pardais, poucos ousam o voo picado das águias. Faz-me falta essa tua ousadia (...)."

"Tão efémeras, as cumplicidades radiosas. Encontros de pele, de ideias, de atmosferas, (...)."

"Ninguém é capaz de descrever a curva dos teus dedos (...)."

"A dor precisa de um corpo. Limites de pele, unhas, ranho, suor. A incapacidade de sair, a coragem irremediável de viver o tempo. Paciência, peso, cérebro ardendo."

"Terei saudades de ti, ou da inocência que eu tinha quando te conheci?"


"E o teu cheiro. Ofereci o perfume que usavas a uma amiga minha. Ela usou-o, e não era o mesmo. Deixei-a e vim para casa chorar o teu corpo irrepetível."

"Só vivendo sobre a mudança se podia evitar a dor, só contornando a monstruosa perfeição do tempo se podia vencê-lo. Assim pensava, e enganei-me, porque o tempo não é pensável."

"Separados, éramos muito mais úteis ao extremoso grupo de amigos que criáramos do que juntos, cintilantes e perigosos como um par de amantes. Os seres que criáramos precisavam de nos matar para sobreviver. E nós deixámo-nos matar, porque está na natureza d
o amor estilhaçar-se sem ruído, desfazer-se em vidros e pesar-nos (...)."


"Tudo o que tocamos se desfaz. Depois fica-nos o vício da decomposição, o perfume intoxicante das coisas mortas."

"Encontrámo-nos demasiado cedo numa civilização descrente de encontros definitivos. Entendíamo-nos inteiramente."


"(...) terei chegado a dizer-te que essa transparência seduzia infinitamente mais do que todos os sobrepostos véus das divas que invejavas?"

"Sentia uma vontade violenta de me desmoronar em ti. Não, não era fazer amor. Fazer amor não existe, porra, o amor não se faz. O amor desaba sobre nós já feito, não o controlamos (...)."


"Durante muitos meses apenas nos víamos. Não nos olhávamos. Até que veio ter connosco aquele momento."

"Sabes que começo a esquecer o som do teu riso?"

"Terás alguma vez entendido que o bem que eu queria para mim era só o de ser quem era?"

"Sei tão pouco de ti."

"Foi sem querer. Se deixei de te comover, de te divertir, de te inspirar, (...) foi sem querer. Se perdi a capacidade de te ferir e fazer sangrar, foi sem querer. Foi sem querer que te copiei, para não te perder, para não perceberes que eu se calhar não era capaz."

"A vida consiste nisso mesmo: em que nos usemos, da melhor maneira que pudermos. Usei-te eu como devia? Porque me sobras tanto, ainda?"


Inês Pedrosa

domingo, novembro 25, 2007

quarta-feira, novembro 21, 2007

terça-feira, novembro 20, 2007

Portugal, um retrato social


Não consegui acompanhar a série, pela RTP, nem fui a tempo de a fazer pelo "Público".
Resta-me a banda sonora.
De Rodrigo Leão!
O que me acontece com ele é uma poderosa sensação de que lhe conheço as músicas, de que já as ouvi, de que me são familiares...

domingo, novembro 18, 2007

So far away from me


Navegando nas palavras

"Tenho as minhas hesitações, passo a vida pendurado no instinto, passo tempos infinitos ansioso e febril, outros completamente desligado, reconheço que sou portador de algum egoísmo, gosto de pentear luares e recordações (...)."


"encontrar a frase perfeita no saber dos silêncios acumulados. (...)"


"magoaram-me
e eu estupidamente magoei-te
(...)"


"podem esventrar-me o corpo
dilacerar-me a alma
mas nunca chegarão à essência
(...)"


"só alguém embriagado pela utopia, pode amar neste mundo em ruínas..."


"há noites em que o dia nunca mais rompe
o sol tarda em nascer desenhando efémeras
a escuridão arde em febres altas
a lua não aparece para desenhar as estrelas
lá fora as almas choram por dois dedos de ternura
(...)"


"libertemo-nos de olhares bocejantes
que insistem em dar sentido ao tédio
(...)"


"(...)
salva-me o teu ventre
em forma de violino
deposito o meu beijo sedento

sons apenas sons
o diálogo dos corpos vibrantes
partimos juntos a abraçar o céu"


"podemos esquecer-nos de nós
podemos esquecer-nos dos caminhos

mas nunca esqueceremos
os olhos que um dia nos amaram"


"(...) Por que será que, quando tiram as mãos dos bolsos, invariavelmente é para apontar o dedo? invariavelmente é para entregar noutras mãos as causas incómodas."


"são mais dolorosos os gritos mudos dos silêncios, que os berros estridentes dos arautos. os primeiros deixam marcas profundas na alma, os segundos anestesiam as consciências já adormecidas."


"perfeita nas tuas imperfeições"


"quando dois olhares francos se cruzam
nasce um sorriso"


"(...)
não sei há quanto tempo tinha estas cores guardadas
à espera de uma flor em forma de melodia do destino
(...)"


"ainda que te doa o corpo
ainda que as pálpebras fiquem pesadas
abre o peito de par em par
como uma janela para a serenidade"


"ando à minha procura
esqueço-me sempre do último lugar onde me deixei"


"um ganho por maior que seja
não repara uma perda"


"Como seria bom que o sorriso das crianças se pegasse aos mais crescidos."


No domingo passado, ainda fui a tempo da apresentação do último livro de António Paiva.
Esta é a minha selecção.

quinta-feira, novembro 15, 2007

Isabel Stilwell

"E a terra e o mar tremem a sério quando os outros não são aquilo que achávamos que eram, e nos traem. Não porque nos espetem um punhal nas costas, mas porque, por alguma razão - até simplesmente por não nos termos dado ao trabalho de os olhar com olhos de ver - se comportam de uma maneira diferente da prevista, ou seja, não nos tratam com a lealdade que nos era devida, não agem com a honestidade que esperávamos ou pisam riscos que para nós são inultrapassáveis.

(...)

E regista-se um terramoto de dez na escala de Richter quando nos traímos a nós mesmos e não somos nada daquilo que gostaríamos de ser."

segunda-feira, novembro 12, 2007

Dose perfeita!




Este domingo, vitória do meu Benfica, derrota do SCP e empate do FCP...
... cocktail foi explosivo!

Nada de especial

Não comprei a Visão da última semana e só agora é que tive acesso à crónica de António Lobo Antunes.

Deixo-vos o final:


"(...) uma palma no nosso ombro
- O que foi?
e construimos peça a peça um sorriso difícil
(custa tanto um sorriso)
que responde por nós
- Não foi nada."

A desforra!





Há algum tempo que queria voltar à ponte pedonal Pedro e Inês, mas ainda não tinha tido oportunidade, ou por outras coisas a fazer, falta de vontade, falta de tempo...
No sábado, quando saí da Faculdade, fui para lá directa.
Foram quase duas horas em cima da ponte, encostada e virada para a Ponte Rainha Santa Isabel (ou Ponte Europa, como preferirem), a apanhar sol, a observar aquele cenário, as gaivotas, as pessoas.
Soube-me maravilhosamente!

sexta-feira, novembro 09, 2007

Versão virtual

Agora, para além das nossas aulas, podemos encontrar-nos virtualmente... e todos podem fazer parte do nosso mundo.

Sejam bem-vindos ao cantinho Corpo & Mente!

Lares da terceira idade

A propósito do Fórum TSF de hoje...

"O encerramento de um lar ilegal veio relançar o debate sobre o apoio aos idosos e voltámos a ouvir dizer que a falta de oferta favorece o aparecimento de casas clandestinas. No Fórum TSF, queremos ouvir a sua opinião sobre um problema que acabará por nos afectar a todos. Queremos saber se estamos a fazer o suficiente para criar uma rede de lares de terceira idade que responda às necessidades do país."


... gostei de um comentário:

"Não se combate a solidão com multidão!"

quarta-feira, novembro 07, 2007

Acho que vou chegar atrasada...


... mas vou!

:)

Sistema imunitário precisa-se!

Hoje, na TSF, isto:

"Um estudo feito pelo Conselho de Higiene revelou que um quarto dos portugueses não lava as mãos antes das refeições. Ainda segundos este estudo, metade dos portugueses não lava as mãos após espirrar, sendo que um em cada dez não o faz após ir à casa de banho.

(...)"



Acho que para quem tem vida social e sabe observar, estes dados não são uma novidade.
No entanto, parece-me exagerado ter de ir lavar as mãos cada vez que espirre!
É que com tantos "cuidados", o sistema imunitário deixa de criar defesas.
Não?

terça-feira, novembro 06, 2007

Ontem, a esta hora...

... estava a assistir a uma autópsia!

Era algo que esperava desde Setembro.
Apesar de algum receio, por não saber como o meu organismo iria reagir, queria muito ver.
Forte e impressionante, a experiência: as cores e os sons vão ficar na memória, assim como a certeza da inutilidade do corpo, quando já se partiu...
(Igual, a minha convicção de querer ser cremada.)

Stand up for Journalism

O Sindicato dos Jornalistas apelou à participação de toda a classe no Dia Europeu dos Direitos dos Jornalistas, que se assinalou ontem, como jornada de luta por melhores condições laborais e um jornalismo condigno.

"Sob o lema Stand up for Journalism (Levantem-se pelo Jornalismo), esta iniciativa da Federação Europeia de Jornalistas (FEJ) pretende alertar para a pressão política sobre os média, o decréscimo da qualidade da imprensa, o aumento da precariedade nas condições de trabalho da classe, o ataque generalizado à contratação colectiva e o desrespeito pelos direitos dos jornalistas na Europa."


É preciso!

sábado, novembro 03, 2007

Sul - Viagens

"As ordens que levava não cumpri
E assim contando tudo quanto vi
Não sei se tudo errei ou descobri"




Há demasiado tempo que a leitura se arrastava...
O facto de não ser uma sequência, uma estória (mas várias), permitiram-me fazê-lo.
E hoje, lá consegui terminá-lo!

Para quem não sabe, Miguel Sousa Tavares é filho de Sophia de Mello Breyner Andresen.
"Uma das pessoas que me ensinou a viajar foi a minha mãe. Ensinou-mo com uma simples frase. A única vez que viajámos juntos, fomos a Roma. (...) Mas estávamos ali há demasiado tempo, era a primeira vez que vinha a Roma e tinha, logicamente, alguma pressa de seguir caminho e ir ver outras coisas. Sentindo a minha impaciência, a minha mãe disse-me: "Miguel, viajar é olhar." Até hoje, fiquei sempre cativo desta frase e do que ela implica e compromete o verdadeiro viajante. Tal como a minha mãe escreveu algures, só o olhar não mente, porque todo o real é verdadeiro. (...)"
Assim começa o livro.
E assim termina:
"O que mais deixei para trás, em cada viagem que fiz, foram os amigos que não voltei a ver. Amigos verdadeiros, instantâneos, instintivos, amigos do peito, para toda a vida. (...) Tudo é genuíno e generoso nesses encontros e, quanto maiores são as diferenças, mais evidente se torna o que é essencial nas relações entre as pessoas. (...)"

Intensamente recomendável!


"at any moment
the person you thought you were
can vanish in the blink of an eye"

quinta-feira, novembro 01, 2007

10 anos

Há mais do que isso, quando os ouvi na primeira eliminatória do "Casa de Artistas", na RTP1, não imaginaria que dali a algum tempo viria a estar presente na festa de lançamento do primeiro álbum.

Foi naquela noite, em casa, que me apaixonei.
Acima de tudo, pelas vozes.
O timbre, a afinidade entre elas, o feeling que transmitiam...

Acabaram por passar à semi-final e à final, ganhando o programa com o tema "Unchained Melody".
Ainda hoje sei o cunho pessoal que lhe deram, os improvisos que fizeram.
Lembro-me da coreografia, simples e elegante, e da felicidade ao ouvirem os seus nomes.

Depois, surgiram com o projecto Sétimo Céu.
Bom.
Mas não me preenchia, porque eu gostava deles, daquela conjugação entre presença e voz, daquelas afinidade e harmonia.

Lá me devem ter ouvido, uma vez que mais tarde apareceram, finalmente só os dois.
Desde essa altura, já tanta coisa aconteceu.
Na minha vida e na deles.
E, no entanto, a paixão continua.
Por serem verdadeiros naquilo que fazem.
Por terem vozes lindas, que me arrepiam.
Por lhes adivinhar os improvisos, as reacções, os olhares, os movimentos, a respiração...

São dos melhores ao vivo em Portugal, de certeza absoluta.
São dos meus eleitos.

É um prazer imenso ver os concertos cheios, as pessoas a cantarem as músicas, a dizerem que gostam muito.
Ainda mais interessante é observar as reacções, quando, num espectáculo, há aquele cepticismo inicial... os risinhos, as piadas, as ironias, do género "deixa cá ver o que é isto e tal"... e, no fim, senti-los rendidos àquela naturalidade com que os manos estão em palco e os encaram nos olhos.

Já passei por várias fases.
Já tive mais tempo para os ver e ouvir.
Mas o encantamento não desaparece.
As memórias também não.
E são tantas.
De mim, deles, de estar com eles, de pessoas que eles me fazem lembrar, sempre, passe o tempo que passar!


(Isto, na sequência de um concerto que acabou de ser transmitido na SIC, o primeiro da tournée "10 anos"... dos Anjos!)