Actualmente, podem encontrá-la - Débora Gonçalves - no programa "Família Supersta" e nos concertos dos Anjos.
Porque o essencial, o que realmente importa, está nas coisas mais simples. pormenoridades@gmail.com
sexta-feira, dezembro 28, 2007
quinta-feira, dezembro 27, 2007
Eu, às vezes
Crónica semanal dele, António Lobo Antunes.
"E agora começa a anoitecer tão cedo. (…) o fim do dia sempre me trouxe, sei lá porquê, uma espécie de tristeza mansa, um desejo vago de coisas mais vagas ainda, uma inquietação doce, um estado de alma impossível de exprimir, não inteiramente agradável, não inteiramente desagradável, estranho apenas, um
(como dizer?)
sorriso com uma lágrima tranquila dentro, percebem? Tão difícil traduzir as emoções em palavras, é tão pobre o vocabulário que temos (…). dizia que começa a anoitecer tão cedo, as árvores do dia que nada têm a ver com as árvores da noite, misteriosas, densas, falando, falando, a engordarem de pássaros. Janelas iluminadas e eu a imaginar as vidas atrás das cortinas. (…) Gestos femininos bonitos sempre, a delicadeza com que as mulheres tocam nos objectos, a harmonia dos dedos: somos pesados e sem graça, nós os homens, ao pé delas. Pesados, brutos, canhestros: não possuímos seja o que for de ave ou de nuvem, a nossa carne é densa e gaguejante. Dá-me uma paz de eternidade ver uma mulher numa casa, o modo como o seu corpo habita o espaço, a forma como vestem, de si mesmas, os compartimentos, com um simples passo, um simples olhar. E depois uma espécie de inocência primordial, de leveza habitável: devo ter sido muito feliz na barriga da minha mãe, por dentro da sua voz, do seu sangue. Faz noventa anos agora e continua com dezoito. (…) A solidão tem um cheiro próprio que se sente à distância. (…) não fica nada, enquanto os gestos das mulheres vão colorindo o silêncio. (…) Noventa anos, a minha mãe, que número impossível. Porque diabo consentiu que o tempo passasse, diga lá? Pequenina, frágil, indefesa. (…) O sorriso mudou, transformou-se num clima resignado, com uma chuvinha perpétua. (…)
eu que tenho passado o tempo a bater a portas abertas por timidez, por vergonha. A porta aberta e eu à entrada, com os nós dos dedos, tac tac. Gosto da expressão nós dos dedos, eles que não possuem nós. (…) E começa a anoitecer tão cedo? (…) O que faremos nós se a noite não acabar nunca? Convoco os meus mortos, os meus vivos, aqueço as mãos na saudade de ti, e aquecer as mãos na saudade de ti há-de chegar para eu ser feliz. As vidas além das cortinas iguais à minha? Diferentes? (…) Qual o meu nome verdadeiro por trás do António que as pessoas conhecem? Não tenho nome: sou estas mãos, este corpo, esta caneta que escreve. (…) O que haverá de mais eterno que uma menina a brincar? Em todas as mulheres, até na minha mãe, vejo uma menina a brincar. (…) Quero viver. Não faço ideia como isto apareceu na página mas quero viver. Sou tanta gente às vezes. As árvores à noite que não cessam, não cessam. Não morro nunca, pois não? Não morro nunca. Prometo. (…) Não tenho jeito. Estendo a palma para ti e não tenho jeito: sou apenas um homem. (…)"
"E agora começa a anoitecer tão cedo. (…) o fim do dia sempre me trouxe, sei lá porquê, uma espécie de tristeza mansa, um desejo vago de coisas mais vagas ainda, uma inquietação doce, um estado de alma impossível de exprimir, não inteiramente agradável, não inteiramente desagradável, estranho apenas, um
(como dizer?)
sorriso com uma lágrima tranquila dentro, percebem? Tão difícil traduzir as emoções em palavras, é tão pobre o vocabulário que temos (…). dizia que começa a anoitecer tão cedo, as árvores do dia que nada têm a ver com as árvores da noite, misteriosas, densas, falando, falando, a engordarem de pássaros. Janelas iluminadas e eu a imaginar as vidas atrás das cortinas. (…) Gestos femininos bonitos sempre, a delicadeza com que as mulheres tocam nos objectos, a harmonia dos dedos: somos pesados e sem graça, nós os homens, ao pé delas. Pesados, brutos, canhestros: não possuímos seja o que for de ave ou de nuvem, a nossa carne é densa e gaguejante. Dá-me uma paz de eternidade ver uma mulher numa casa, o modo como o seu corpo habita o espaço, a forma como vestem, de si mesmas, os compartimentos, com um simples passo, um simples olhar. E depois uma espécie de inocência primordial, de leveza habitável: devo ter sido muito feliz na barriga da minha mãe, por dentro da sua voz, do seu sangue. Faz noventa anos agora e continua com dezoito. (…) A solidão tem um cheiro próprio que se sente à distância. (…) não fica nada, enquanto os gestos das mulheres vão colorindo o silêncio. (…) Noventa anos, a minha mãe, que número impossível. Porque diabo consentiu que o tempo passasse, diga lá? Pequenina, frágil, indefesa. (…) O sorriso mudou, transformou-se num clima resignado, com uma chuvinha perpétua. (…)
eu que tenho passado o tempo a bater a portas abertas por timidez, por vergonha. A porta aberta e eu à entrada, com os nós dos dedos, tac tac. Gosto da expressão nós dos dedos, eles que não possuem nós. (…) E começa a anoitecer tão cedo? (…) O que faremos nós se a noite não acabar nunca? Convoco os meus mortos, os meus vivos, aqueço as mãos na saudade de ti, e aquecer as mãos na saudade de ti há-de chegar para eu ser feliz. As vidas além das cortinas iguais à minha? Diferentes? (…) Qual o meu nome verdadeiro por trás do António que as pessoas conhecem? Não tenho nome: sou estas mãos, este corpo, esta caneta que escreve. (…) O que haverá de mais eterno que uma menina a brincar? Em todas as mulheres, até na minha mãe, vejo uma menina a brincar. (…) Quero viver. Não faço ideia como isto apareceu na página mas quero viver. Sou tanta gente às vezes. As árvores à noite que não cessam, não cessam. Não morro nunca, pois não? Não morro nunca. Prometo. (…) Não tenho jeito. Estendo a palma para ti e não tenho jeito: sou apenas um homem. (…)"
quinta-feira, dezembro 20, 2007
Grande Entrevista
O convidado de Judite de Sousa na última semana foi Salvador Mendes de Almeida.
De toda a conversa, reveladora, verdadeira, inspiradora e iluminada, isto:
"temos que ser felizes com o que temos... e não com o que deveríamos ou gostaríamos de ter"
Porque tem sido este o meu lema.
Porque espero que seja esse o vosso (nosso) compromisso para 2008.
E daí em diante.
Porque só assim faz sentido!
É assim que vos desejo um novo ano brilhante e um Natal aconchegado por aqueles que amam*
De toda a conversa, reveladora, verdadeira, inspiradora e iluminada, isto:
"temos que ser felizes com o que temos... e não com o que deveríamos ou gostaríamos de ter"
Porque tem sido este o meu lema.
Porque espero que seja esse o vosso (nosso) compromisso para 2008.
E daí em diante.
Porque só assim faz sentido!
É assim que vos desejo um novo ano brilhante e um Natal aconchegado por aqueles que amam*
quarta-feira, dezembro 19, 2007
segunda-feira, dezembro 10, 2007
José Cota in the house!
Depois de um jantar de Natal atribulado, na 6a...
O meu sábado foi passado a dançar Hip-Hop.
Um dia em cheio, portanto.
Sem querer ferir susceptibilidades, a tarde foi de arromba.
José Cota veio até Coimbra para nos ensinar um pouco de todos os diferentes estilos, dentro do Hip-Hop.
Quem me dera que assim fosse, se não todos os dias, no mínimo 3 vezes por semana!
Fez-me lembrar quando comecei as minhas "expedições" por workshops e seminários de dança.
Saudades!
A certeza de que é a actividade que mais me preenche, realiza e apaixona.
Quanto a ele, o bailarino e o professor, respira dança por todos os poros.
E, quando assim é, é um prazer!
O meu sábado foi passado a dançar Hip-Hop.
Um dia em cheio, portanto.
Sem querer ferir susceptibilidades, a tarde foi de arromba.
José Cota veio até Coimbra para nos ensinar um pouco de todos os diferentes estilos, dentro do Hip-Hop.
Quem me dera que assim fosse, se não todos os dias, no mínimo 3 vezes por semana!
Fez-me lembrar quando comecei as minhas "expedições" por workshops e seminários de dança.
Saudades!
A certeza de que é a actividade que mais me preenche, realiza e apaixona.
Quanto a ele, o bailarino e o professor, respira dança por todos os poros.
E, quando assim é, é um prazer!
quinta-feira, dezembro 06, 2007
quarta-feira, dezembro 05, 2007
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