"Quando veio,
Mostrou-me as mãos vazias,
As mãos como os meus dias,
Tão leves e banais.
E pediu-me
Que lhe levasse o medo,
Eu disse-lhe um segredo:
«Não partas nunca mais»
E dançou,
Rodou no chão molhado,
Num beijo apertado
De barco contra o cais.
E uma asa voa
A cada beijo teu,
Esta noite
Sou dono do céu,
E eu não sei quem te perdeu.
Abraçou-me
Como se abraça o tempo,
A vida num momento
Em gestos nunca iguais.
E parou,
Cantou contra o meu peito,
Num beijo imperfeito
Roubado nos umbrais.
E partiu,
Sem me dizer o nome,
Levando-me o perfume
De tantas noites mais.
E uma asa voa
A cada beijo teu,
Esta noite
Sou dono do céu,
E eu não sei quem te perdeu."
Pedro Abrunhosa
Adoro ouvi-la... e cantá-la!
3 comentários:
às vezes encontramos nas palavras nos outros aquilo que não conseguimos dizer com as nossas próprias palavras, mas identificamo-nos como se tivessemos sido nós os autores...
Eu também gosto de a ouvir.
Cantar é que não, sou mesmo surdo para os tons...
Um beijo.
agora é a minha vez :)))
posso "roubá-la" e identificá-la?
;)
bjs
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