No Inter Cidades para Lisboa, na sexta-feira, ia no banco à minha frente uma mãe com o respectivo filho.
Ela um bocadinho tia, ele chamava-se Martim.
Soube-o logo, pelas inúmeras vezes que ela o chamava.
O menino começou por olhar para trás, pelos intervalos dos bancos, escondendo-se logo, assim que eu reparava.
Depois, já se mostrava, aparecendo de joelhos no banco, junto à janela. E, volta e meia, lá olhava de forma (tentando, claro) discreta.
Fazia por dar um bocadinho nas vistas, como faz parte.
Entretanto, atirou-me um cartão com um nome escrito: "Martim".
Devolvi-lho.
O mesmo cartão voltou a surgir, 'do ar', com mais qualquer coisa escrita.
Imperceptível.
Acabou por acalmar, só olhando de vez em quando ou por entre os bancos, ou mesmo por cima, para se esconder logo de seguida.
Mais tarde, ouvi-o a perguntar à mãe "como é que se escreve ...?".
Ela lá lhe explicou.
E lá veio outro papelito, em 'voo picado', quase: "Como te chamas" (escrito pela mão da mãe).
Ao que eu respondi "queres que escreva ou que te diga?".
O suficiente para iniciarmos ali uma conversa que só terminou quando ele, Martim, de 6 anos, teve que ir embora (desceu na Gar do Oriente, eu sairia em Santa Apolónia).
Lindo, querido, genuíno, como qualquer criança!
Adorei toda aquela táctica de aproximação.
Tão óbvia e tão deliciosamente natural e espontânea.
Fez-me imensas perguntas, ao que eu tentei corresponder, fazendo-lhe outras.
Ficou de me dar os tazzos repetidos, do Benfica, que lhe saírem no Bollycao.
E, disse-o à mãe e depois a mim, garantiu que vai sempre só conhecer "raparigas bonitas!".
Acreditei, claro.
5 comentários:
LOL, que querido!=)
"ai o gaijo...!!";D
deliciei-me com a escrita:)
A inocência é aquilo que mais pena tenho de ter perdido.
É o que de mais maravilhoso se tem na infância.
:D
Se fosse um gajo de 20, 25 ou 30, não tinha sorte nenhuma...
6 anos, mas já tem a escola toda :)
...e bom gosto!
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