sábado, setembro 29, 2007

E eu amo-o!

“Bastou um dia para lhe mudar a vida. Em Março deste ano, António Lobo Antunes, 65 anos, entrou no Hospital de Santa Maria com o manuscrito em que trabalhava debaixo do braço. E dali já não saiu. A notícia, brutal, de que tinha um cancro, chegaria pouco depois. (...) Agora, seis meses passados, o escritor lança O Meu Nome É Legião (...).”


Ontem, já não saí da Fnac sem um exemplar.
Hoje, aqui vos deixo alguns excertos da entrevista desta semana, na Visão.

(Não deixem de a comprar, porque vale a pena tê-la na íntegra!)


“Quando a mão está feliz, os livros parecem-me sempre ditados.”

“O livro refere-se a um bairro em concreto, embora eu nunca lá tenha estado. Sempre me impressionou o facto de aqueles miúdos não terem raízes de espécie alguma. (...) E, no entanto, há neles uma sede de ternura, um desejo de amor absolutamente inextinguível. (...) O Meu Nome É Legião era por isso um livro de amor. De amor por uma geração, por uma classe social sozinha e abandonada, por um grupo de pessoas desesperadamente à procura de uma razão de existir.”
“Estão de tal maneira abandonados que matar pessoas é a única maneira que têm de pedir colo.”

“Aquilo não é sequer um subúrbio. (...) Aquilo é muito pior do que isso. Aquilo é o inferno. Aquelas pessoas vivem num inferno onde eu nunca entrei.”

“Não sei se os leitores entenderão que o livro está a transbordar de amor. Custou-me muito que aquelas personagens morressem. (...) Sempre me comoveu ver o desamparo em que as pessoas vivem. (...) Vivemos num certo desamparo, numa certa desprotecção.”

“Agora, de três em três meses, recebo um prémio. (...) É muito agradável recebê-los, mas um prémio nada tem a ver com a literatura, na medida em que não melhora nem piora os livros.”
“Sabe, este foi um ano muito duro para mim. Para além de ter recebido constantes lições de dignidade e de coragem por parte de pessoas anónimas, aprendi a ter ainda mais respeito e admiração pelos portugueses. Compreendi porque é que fomos nós a ir naqueles barquinhos de 14 metros sem quilha, porque é que atravessámos o Atlântico, porque é que fizemos o que fizemos. E fiquei muito orgulhoso quando percebi que o povo ainda é o mesmo. Fez-me lembrar aqueles versos de Sophia: «Esta gente cujo rosto/ Às vezes luminoso/ E outras vezes tosco/ Ora me lembra escravos/ Ora me lembra reis».”
“Aprendi a admirar as pessoas do meu País. E a respeitá-las ainda mais. E a amá-las ainda mais. E a gostar cada vez mais delas. A partir daí, tudo o resto se tornou relativo. (...) O que me interessa, neste momento, é poder ter tempo para escrever, viver o suficiente para conseguir acabar o meu trabalho sem decepcionar os que acreditam em mim.”

“Ser pedreiro, médico ou outra coisa qualquer também dá muito trabalho. E ser doente, ser doente dá muito trabalho.”

“O que posso dizer é que eu e todos os outros doentes só recebemos atenções. Dos médicos e dos enfermeiros, mas também das pessoas mais modestas que lá trabalham. Se dizem que tratam mal os doentes nos hospitais, a minha experiência foi justamente a contrária. Sempre vi os doentes serem tratados com a maior dignidade.”

“Tudo isto me fez ter saudades da Medicina. Pela primeira vez. E, nos últimos tempos, tenho tido saudades.”

“Sofri muito e, ao mesmo tempo, toda esta experiência também me enriqueceu. Sai-se disto com mais amor pela vida e com a sensação de que é uma honra estar-se vivo.”

“É claro que tomei consciência da minha finitude, porque todos vivemos em função de eternidades.”

“Para quem souber ler, exponho-me muito mais nos livros. (...) Quando me fala em serenidade, é evidente que estou muito mais sereno, muito mais seguro do valor do meu trabalho.”
“A seguir à operação, nem sequer escrevia. Estava sentado numa cadeira, sem ler, sem fazer nada, a olhar para a parede. Estive quase dois meses assim. Não tinha nada dentro.”

“E, como nunca tinha feito uma interrupção, só me perguntava: será que sou capaz de retomar o livro? Depois, devagar, comecei a aproximar-me dele, sem lhe tocar, sem lhe tocar mesmo. (...) Acho que agora estou a escrever como nunca escrevi.”

“Já não minto. Já não componho o perfil. Estou aqui diante de vós, nu e desfigurado. Porque a nudez desfigura sempre. Agora, jogo com as cartas abertas.”

“Ninguém escreve assim. Não tenho a menor dúvida de que não há, na língua portuguesa, quem me chegue aos calcanhares. E nada disto tem a ver com vaidade porque, como sabe, sou modesto e humilde. A doença trouxe-me isso.”

“Por mais que racionalmente pensemos que o cancro se cura, associamo-lo à morte. (...) Não é ver a morte à minha frente, é vê-la dentro de mim. Já está cá, é uma parte de nós. Não requer coragem, apenas dignidade e elegância.”

“Compreendi a frase de Hemingway, quando quiseram saber o que é que ele achava da morte e a resposta foi: «Outra puta». Porque a morte é sempre uma puta e, a uma puta, não se pode dar confiança. (...) Não tenho que viver com um filho da puta. Eu não vivo com um cabrão, quero destruí-lo, não quero viver com ele.”
“De qualquer maneira, sei que, mais tarde ou mais cedo, a puta virá. Só espero ter tempo para acabar o meu trabalho.”

“Lembro-me sobretudo de uma rapariga de 20 anos que usava uma cabeleira postiça. Percebia-se logo que a cabeleira era postiça, mas ela usava-a com tanta dignidade que era como se fosse uma coroa. Uma coroa de rainha. E era, de facto, uma rainha que ali estava.”

“Porque, ao lado, vi pessoas que estavam muito piores do que eu. Pessoas sem esperança, à espera da morte. As minhas hipóteses eram grandes e, por isso, às vezes, sinto-me culpado. Mas é verdade que me sinto mais livre, sinto-me muito mais livre. Livre para escrever, livre para viver, livre para amar. (...) Eu agora, digo, eu agora digo. E isso foi uma conquista porque, de repente, tornou-se evidente que esta é a única maneira de viver. (...) O meu avô morreu e, ainda hoje, sinto remorsos por não lhe ter dito que gostava muito dele.”

“Não sei se morremos assim. Não sei se não ficamos cá. Não sei se Camões está morto. Mas isso não tem importância, eu não sou importante, os livros é que são importantes.”

“Acho graça à maneira como, nas entrevistas, as pessoas se tentam compor, se penteiam para arranjar o cabelo, ajeitam a gravata, retocam a maquilhagem. Para quê? Para seduzir? Para tentar que gostem delas? Para fazer boa figura perante os leitores? Tudo isso já me é completamente indiferente. É uma conquista recente, ganha com tudo aquilo por que passei. Estar aqui à sua frente é a única maneira de estar.”

sexta-feira, setembro 28, 2007

Tá feito!

Ontem, lá me inscrevi na Pós-Graduação em Direito da Comunicação.
Entretanto, vou também voltar a estudar inglês, regressar à minha Dança Jazz e continuar no ginásio, com as aulas de Corpo e Mente.

Acho que não me esqueci de nada...

Como já tinha dito, só espero dar conta do recado!

quinta-feira, setembro 27, 2007

palavras em néctar

"a vida é uma maçã

(...)
guardo o corpo das árvores que abracei
nos momentos em que apenas a sombra
era a única companheira da minha sede
(...)
despeço-me daquele rochedo à beira mar
onde os ruídos dos meus pensamentos
me impedem de ouvir a melodias do mar
(...)
a vida é uma maçã vermelha e perfumada
apetitosa e suculenta cheia de sementes
ou a mordiscamos receosos do pecado
que logo ao nascer habilidosamente nos impingiram
ou trincamos como glutões irados de fome
podemos trincá-la suavemente,
saboreando cada pedacinho
se o fizermos saberemos que em cada pedacinho
há um sabor diferente, alguns toques mais amargos
mas é assim mesmo, a vida é mesmo uma maçã
(...)"

AP

My lovely mirror

quarta-feira, setembro 26, 2007

Ainda no livro de Inês Pedrosa...

"Encontrámo-nos demasiado cedo numa civilização descrente de encontros definitivos."

Medo de amar

"(...)
ter o amor rejeitado,

nem se fala,
é fractura exposta,
definhamos em público,
encolhemos a alma,
quase desejamos uma violência qualquer vinda
da rua para esquecermos dessa violência vinda do tempo gasto e vivido,
esse assalto em que nos roubaram tudo,
o amor e o que vem com ele,
confiança
e estabilidade.
Sem o amor, nada resta, a crença se desfaz, o romantismo
perde o sentido, músicas idiotas nos fazem chorar dentro do carro.
Passa a dor do amor, vem a trégua, o coração limpo de novo, os olhos novamente secos, a boca vazia.
Nada de bom está acontecendo, mas também nada de ruim.
Um novo amor? Nem pensar.
Medo, respondemos.


Que corajosos somos nós,

que apesar de um medo tão justificado,
amamos outra vez e todas as vezes
que o amor nos chama, fingindo um pouco de resistência mas sabendo que para sempre é impossível recusá-lo."


Martha Medeiros

terça-feira, setembro 25, 2007

Se...

"Se és capaz de conservar o teu bom senso e a calma,
Quando os outros os perdem, e te acusam disso,

Se és capaz de confiar em ti, quando de ti duvidam
E, no entanto, perdoares que duvidem,

Se és capaz de esperar, sem perderes a esperança
E não caluniares os que te caluniam,

Se és capaz de sonhar, sem que o sonho te domine,
E pensar, sem reduzir o pensamento a vício,

Se és capaz de enfrentar o Triunfo e o Desastre,
Sem fazer distinção entre estes dois impostores,

Se és capaz de ouvir a verdade que disseste,
Transformada por canalhas em armadilhas aos tolos,

Se és capaz de ver destruído o ideal da vida inteira
E construi-lo outra vez com ferramentas gastas,

Se és capaz de arriscar todos os teus haveres
Num lance corajoso, alheio ao resultado,
E perder e começar de novo o teu caminho,
Sem que ouça um suspiro quem seguir ao teu lado,

Se és capaz de forçar os teus músculos e nervos
E fazê-los servir se já quase não servem,
Sustentando-te a ti, quando nada em ti resta,
A não ser a vontade que diz: Enfrenta!

Se és capaz de falar ao povo e ficar digno
Ou de passear com reis conservando-te o mesmo,

Se não pode abalar-te amigo ou inimigo
E não sofrem decepção os que contam contigo,

Se podes preencher todo minuto que passa
Com sessenta segundos de tarefa acertada,

Se assim fores, meu filho, a Terra será tua,
Será teu tudo que nela existe

E não receies que te o tomem,

Mas (ainda melhor que tudo isto)
Se assim fores, serás um HOMEM."

Rudyard Kipling

Há-de haver...

"Hei-de estar por aqui
Hei-de sempre abraçar-te,
Agarrar-me a ti"

sábado, setembro 22, 2007

Nestes dois dias...

... estive na alta de Coimbra, mais propriamente entre a Faculdade de Medicina e o Instituto de Medicina Legal, onde frequentei o 1º Curso de Introdução às Ciências Médico-Legais e Forenses para Jornalistas.

Adorei!
Venham mais iniciativas assim.

quinta-feira, setembro 20, 2007

Satisfaction

Lyrics

"Agarra-me esta noite

Onde estiveres, eu estou
Onde tu fores, eu vou
Se tu quiseres assim
Meu corpo é o teu mundo
E um beijo um segundo
És parte de mim

Para onde olhares, eu corro
Se me faltares, eu morro
Quando vieres, distante
Soltam-se amarras
E tocam guitarras
Por ti, como dantes

Agarra-me esta noite
Sente o tempo que eu perdi
Agarra-me esta noite
Que amanhã não estou aqui"


"Beijo

(...)

Quero que saibas
Que sem ti não há lua,
Nem as árvores crescem,
Ou as mãos amanhecem
Entre as sombras da rua.

Leva os meus braços,
Esconde-te em mim,
Que a dor do silêncio
Contigo eu venço
Num beijo assim.

Não posso deixar de sentir-te
Na memória das mãos,
Vou ficar a despir-te,
E talvez ouça rir-te
Nas paredes, no chão.
Não posso mentir que as lágrimas
São saudades do beijo,
Vou ficar mais despido
Que um corpo vencido,
Perdido em desejo."


"Deixas em mim tanto de ti

Não sei quanto tempo fomos,
Nem sei se te trago em mim,
Sei do vento onde te invento, assim.
Não sei se é luz da manhã,
Nem sei o que resta em nós,
Sei das ruas que corremos sós,
Porque tu,

Deixas em mim
Tanto de ti,
Matam-me os dias,
As mãos vazias de ti.

(...)"


"Outra noite perfeita

Põe o teu corpo perto de mim,
Deixa que o chão nos engula a sombra,
Não pode haver engano num momento assim,
E de repente a tua voz na minha:

Noite perfeita,
Tu és perfeita.
Noite perfeita,
Tu és perfeita.
(Sempre te soube perfeita).

(...)"

P. Abrunhosa

terça-feira, setembro 18, 2007

Dasse!

"Assassínio em Coimbra

Vítima e suspeito de homicídio passional são estudantes de Engenharia Civil

Uma jovem assassinada esta terça-feira em Coimbra e o suspeito do homicídio são ambos alunos de Engenharia Civil e o crime terá sido motivado por razões passionais, disse uma fonte da Polícia Judiciária (PJ)."


O mais curioso é que tinha estado a ver um programa da Oprah onde se falou de crimes violentos e de vítimas (indirectas) que mais tarde quiseram encontrar-se com os assassinos - "for a healing process" -, no caso dos respectivos pais... uma das estórias era precisamente a de um crime passional.

segunda-feira, setembro 17, 2007

mudança

Como?

"ANF e CGD lançam cartão de crédito para compra de medicamentos
A Associação Nacional das Farmácias (ANF) vai lançar um novo cartão de crédito em parceria com a CGD, que permite aos clientes com conta aberta naquele banco comprar medicamentos a crédito. Outra hipótese passa por um cartão de fidelização, que converta os gastos em pontos posteriormente aproveitados na aquisição de produtos gratuitos ou com desconto."



Mas até onde é que isto vai?!

Valeu


Talvez por me terem dito que era "fraquito" e, portanto, não ir com grandes expectativas (apesar de o querer ver mesmo assim, pelo elenco)... até gostei!

domingo, setembro 16, 2007

A ver se o começo a ler

"Escolho meus amigos nao pela pele ou outro arquetipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante. (...) Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. (...)"

Oscar Wilde

quinta-feira, setembro 13, 2007

Serenidade

Chuva de Verão

"Canta e dança
Todos os dias há razão p'ra celebrar
Bate no peito
Um coração com força de acreditar"


(Mi ma bô)

Ricardo Reis

"Para ser grande, sê inteiro

Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive"

Sublime

"o contorno dos meus olhos aceitando o mar dos teus"

Elipse

segunda-feira, setembro 10, 2007

sexta-feira, setembro 07, 2007

quinta-feira, setembro 06, 2007

So cold!

A digerir a bofetada de ontem...
Com uma angústia que não deixa o peito explodir.

segunda-feira, setembro 03, 2007

Loucura

"Somos únicos, únicos em dois,
Alma e alma, pele e pele.
Passamos pela essência do prazer.
Sinto o teu calor, o sabor da tua pele, sei de cor os teus contornos, tenho cravado em mim o teu nome neste momento.
Conhecemos-nos sem palavras.
Nossos corpos combinam, completam-se.
Somos tudo, mas não somos nada.
Somos impuros, insanos, inconsequentes, apaixonados..."



(algures, num perfil do hi5)

Eurovision Dance Contest 2007 - PORTUGAL - Tango Freestyle

Eurovision Dance Contest 2007 - PORTUGAL - Jive

à distância...

"Percorre-me um arrepio, algo familiar... o teu cheiro, pareceu-me juro...
Fico parado, com o coração aos pulos, (...).
Volto para o meu lugar, para a minha companhia. Não consigo dizer mais nada de jeito o resto da noite. Mil e uma lembranças percorrem-me os pensamentos. Relembro tanta coisa... tenho saudades. Olho à volta e nada faz sentido. (...)"