sábado, novembro 05, 2005

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"Gosto de nuvens arquitectadas."

"Fim de tarde em Cabo Verde. Ficará melhor numa foto o lado turistíco? Ou o país como ele é? O turismo tem essa mais valia de apagar o que suja um país."

"De que vale explicar uma dor a quem nunca a sentiu?A dor que me causas passa os limites de cinco países juntos.Apetece-me beber-te a conta-gotas.Dói-me. Dói-me muito. E quando me disseres onde, vai doer-me muito mais."

"Tudo parece bonito a essa hora, quando já estamos enroscados na cama, de baba em riste."

"Nunca os meus intestinos se chatearam tanto comigo como hoje. Leite creme e sumo de laranja. Nunca, mas nunca em toda a vossa vida, comam leite creme quente e a seguir bebam sumo de laranja fresquinho. Prometam-me isso. Nunca.
(…)
Sempre ouvi dizer que suminho de laranja fazia bem. Os meus intestinos não. Há qualquer coisa de muito estúpido em querer Leite Creme quentinho e sumo de laranja fresquinho depois, bem sei. Mas ter orgãos do meu próprio corpo a decomporem-se por causa de um mal entendido, é duro. Sempre achei que os intestinos e o cérebro, tivessem uma espécie de Walkie Talkie para saberem um do outro.
(...)
Agora como torradas e bebo chá.E gemo."

"A cidade começa a ficar muito pequena para tanta cidade."

"Há essa necessidade de as pessoas acharem que têm de ser engraçadas perto de humoristas. Tornam-se camaleões da profissão do próximo."

"A facilidade com que se agarra numa revista e se fala, com ar diplomático, das vidas de toda a gente, repugna-me. Há pessoas cuja "profissão" é mandar postas de pescada sobre tudo o que aparece nas revistas. Eu chamo-lhe "desemprego".
(...)
Irrita-nos a todos: sair do prédio e ter vizinhas (daquelas vestidas de preto, reformadas), a falarem umas com as outras sobre os barulhos que ouviram em nossa casa na noite passada, e a até que horas as visitas ficaram lá em casa, e se tinham piercings, se não tinham, e o raio que as parta ao meio. Isso, irrita-nos muito. Mas se essas velhas, estiverem num programa da manhã, e despedaçarem a vida do próximo... isso, já nos aconchega mais a alma. Já dá vontade de ir buscar umas bolachinhas de canela e ver alguém ser abalroado na tv."

"Todos os carros, que circulem a menos de 100 km/h na faixa da esquerda de uma auto-estrada, deveriam, em jeito de automático, explodir. Perder-se-iam algumas vidas, é certo, mas é melhor assim.A estupidez de alguém, que com duas faixas vazias à sua direita, insiste em lamber vagarosamente a da esquerda, é meritória de um belo dispositivo no banco de trás que detone automáticamente. Ninguem sofreria, nem o próprio condutor.Minto, sofreriam um bocadinho. Uma bomba ainda faz dói dói.Mas tem de ser assim, não me levem a mal, sou um mero mensageiro."

"Há 15 minutos fiz uma boa acção.Vou agora buscar uma vassoura e uma pá, que os vidrinhos e os ponteiros ficaram espalhados pelo quarto."

"Entristece-me a "televisão", não apenas porque sim. Mas porque dói-me ver tanta gente com talento desempregada. Actores, apresentadores, humoristas. Muitos, mesmo. Conheço-os, tenho o contacto deles. São sub-aproveitados. Somos pequenos demais para nos darmos a esses luxos tão grandes.Deixem-se de merdas.Ter mamas ou um cabelo bem tratado não é, nem nunca foi, sinal de talento.
Se calhar não moram na Quinta da Marinha.Mas têm génio. Puro.Não suportado por alicerces de açúcar.Dói-me ver uma passerelle de futilidades e assistir impávido e sereno."

"Há músicos e músicas que me dão raiva, de tão bonitas e bem compostas que são. Palavra."

"Português bem cantado bate aos pontos o dialecto mais rico de qualquer país."

"Sei-vos dizer que nestes últimos dias dormi uma módica quantia de 7 horas. A certa altura cheguei a ver elefantes a dançarem em cima de lâmpadas de halogénio. Ou se calhar era só o sono. De qualquer das maneiras, tinham uma coreografia espectacular, as lâmpadas.
(...)
Esforço-me para dormir, mas é pior. Quanto mais se quer dormir, menos vontade nos dá."

"(...)chora-se quando se sofre de tanto sofrer, ou quando nos sentimos tão bem que recorremos às lágrimas para nos ajudarem a estancar o sorriso parvo."

"Todo um texto da peça que fazia sentido na minha cabeça, hoje aparece com parágrafos trocados."

"Os nervos da espera para entrar rouba anos de vida, e connosco a assistir a tudo. Mesmo. Sentimos o sistema nervoso a picar o ponto e o estômago a cimentar. Tudo. Pensamos que até partir um pé naquele momento era mais reconfortante (...)"



Poderiam ser as minhas palavras.
Porque às vezes são os meus pensamentos!

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