quarta-feira, julho 30, 2008

instantes...

Acho que tão cedo não me vou esquecer daquela imagem: a nossa pin-up girl a "esgadanhar" a caixa dos pacotinhos... à procura de sabe-se lá o quê.
No final, fomos acariciadas com o presente.
E a respectiva mensagem, adequada a cada uma, claro!


sábado, julho 26, 2008

whisper



Que lhe dirá ele?
E quem é que já o conseguiu fazer?
Oportunidades raras.
Tanta coisa que vai ficando por dizer...
As pessoas que nos marcam deveriam sabê-lo!
E cada um de nós gosta de saber-se especial.
Vale o reconforto de que o olhar tenha sido suficiente.
"O valor das coisas não está no tempo em que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso, existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis."
F. Pessoa

quarta-feira, julho 23, 2008

quinta-feira, julho 17, 2008

Update


Foi assim o meu primeiro dia de praia deste ano... Figueira da Foz!
Entretanto, só me falta saber a nota de um exame. Os outros estão feitos com 14 (que me sabem a 20, tendo em conta que falamos de Direito...), ou seja, tudo indica que só fico mesmo com a tal cadeira que deixei para Setembro. Positivo!
Além de tudo o resto, continuo a conhecer pessoas.
O que é fantástico, porque só confirma não sei mesmo nada, realmente. Estou sempre a aprender, a descobrir, ...
Tenho sentido vontade de estar com algumas dessas pessoas, com outras nem tanto.
Faz parte.
Uma é especial.
Mal a conheço, provavelmente não irá passar daí, mas a sintonia existe.
As idades são bastante diferentes, mas há uma cumplicidade única e bonita. Rara, arrisco dizer!

sexta-feira, julho 11, 2008

Há quase 10 anos...

... que não vou a um casamento.

Período que se vai quebrar amanhã, por causa de uma amiga.
Momentos que valem a pena testemunhar!

domingo, julho 06, 2008

By the way...

Queria dizer-vos que já estou livre de uma das minhas maiores preocupações deste ano.
Mas não é assim.
Além de ainda não saber nenhuma nota dos exames deste segundo semestre, deixei o último para Setembro.
A cabeça já não conseguia acompanhar... ainda estive até à 1h a estudar, altura em que "se fez luz" e que percebi que não adiantava de muito continuar.
Senti que não iria conseguir escrever quase nada e que, portanto, era preferível parar por ali.

Não sei se fiz bem.
Claro que queria já estar livre e não ter de pensar mais nisso.
Só que, por outro lado, assim tenho tempo para descansar, brincar ao Verão, e depois, em Setembro, pegar nas coisas e lê-las com mais tempo.

A ver vamos...

segunda-feira, junho 02, 2008

always

Acompanhei pela Tv, mas deu para sentir a esmagadora energia deles e do público...
Lindo!

segunda-feira, maio 26, 2008

all I have to give

É por isto que continua a valer a pena!
Sim, se formos a traduzir a letra...
Mas a melodia está lá, a harmonia vocal, a elegância da coreografia...

sexta-feira, maio 23, 2008

Saturday morning


Confesso que era assim que queria passar o meu dia, amanhã.
Mas o dever chama!
Não vejo a hora de já estar a meio do mês de Julho, já sem exames...
Que é o mesmo que dizer que vou poder chegar a casa e não fazer nada, ler um livro, ver televisão, ouvir música, ficar no computador mais um pouco, voltar a sair, ir ao cinema, ir ver um espectáculo de música, de dança, de teatro... sem 'aquela' preocupação.
Por outro lado, acredito que este esforço valerá a pena.

Há-de ser recompensado um dia.
Até porque também tenho prazer em estar ocupada, em aprender mais alguma coisa.

No entanto, saber que estarei livre para poder estar com as pessoas que me são próximas é reconfortante. Tenho tantos cafés para pôr em dia... conversas para retomar ( e que, de qualquer forma, ficarão sempre pendentes, porque há sempre tanta coisa para dizer, para perguntar, ouvir, partilhar...).

E já preciso - precisamos! - de sol.
Muito sol! Muita luz!

Se assim fosse, se o tempo já estivesse mais quente e constante, provavelmente não estaria agora aqui, a escrever este post.
Teria ido jantar com os meus colegas da pós-graduação e, eventualmente, ainda teria estado um pouco também com alguns colegas de trabalho.

Gostava de dizer mais coisas, de contar novidades, de partilhar pensamentos, sentimentos, ...
Não sei o que se passa, mas a necessidade que tinha de o fazer, há uns tempos, e que me trazia aqui constantemente - ou, pelo menos, mais frequentemente - já não é a mesma.
Posso dizer que há muito tempo que não me sentia assim, tão bem.
A minha alegria voltou e veio para ficar, mas mais saborosa.
Talvez por tê-la julgado perdida...
Cada vez mais, sinto que nada é por acaso, que há o momento certo para tudo, que vale a pena acreditar, sonhar, sorrir, correr atrás.
E tudo isso só faz sentido se estivermos em plena sintonia connosco próprios.
Conhecermo-nos, aceitarmo-nos e amarmo-nos é o ponto de partida para tudo o resto.
Como um dia alguém me disse, "o resto vem por acréscimo"!

Gostava de poder definir melhor o que estou a sentir, nesta fase.
A intuição parece mais "à flor da pele", o que às vezes assusta...
Os sentidos estão mais alerta: reparo mais nas pequenas coisas, nas pessoas, nos pequenos gestos, nas atitudes mais simples, nos olhares,... tento perceber o que não se diz.
Quantas vezes, quando vou trabalhar de manhã (umas vezes antes das 7h, outras antes das 6h), me dá vontade de parar o carro e fotografar o céu, que a cada dia tem um nascer do sol mais bonito e diferente do anterior.

Demasiado poético?
Só espero que compreendam.
Afinal, é para isso que este cantinho serve, assim como os vossos e tantos outros.
É para nos lermos e percebermos que somos todos iguais!


"Posso ter defeitos, viver ansioso
e ficar irritado algumas vezes mas
não esqueço de que minha vida é a
maior empresa do mundo, e posso
evitar que ela vá à falência.
Ser feliz é reconhecer que vale
a pena viver apesar de todos os
desafios, incompreensões e períodos
de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos
problemas e se tornar um autor
da própria história. É atravessar
desertos fora de si, mas ser capaz de
encontrar um oásis no recôndito da
sua alma.
É agradecer a Deus a cada manhã
pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios
sentimentos.

É saber falar de si mesmo.
É ter coragem para ouvir um “não”.
É ter segurança para receber uma
crítica, mesmo que injusta.

Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou construir
um castelo…”

F. Pessoa

sexta-feira, maio 16, 2008

E o gajo ainda respira?!

Não há compreensão, nem justificação possível ou punição suficiente para um crime destes... que, não acabando com a pessoa (mulher, na esmagadora maioria dos casos), mata-a para sempre!

sábado, abril 26, 2008

Se valeu!

















Corri, como já não me lembrava de fazer!
Ultrapassei muitas das pessoas que iam à minha frente.
O meu instinto levou-me até meio da segunda fila.
(Sim, porque meninas que pagaram bem para entrar antes do concerto, acabaram por já não sair e, por isso, ocupavam a primeira. Caso contrário, era eu quem lá tinha ficado...)
Antes disso, cheguei a Lisboa por volta das 19h45 do dia anterior.
Mas só fui para o Pavilhão Atlântico às 23h30.
Era o número 34.
Dormi lá, no meu saco-cama novo (quentinho!).
Bem, dormir foi só entre a meia-noite e tal e as 4h00.
Depois disso, não consegui.
Conversou-se, cantou-se – com direito a aplausos –, ouviu-se o “Unbreakable”.
A meio da manhã, fui à Pousada tomar banho e comer qualquer coisa.
(É que, durante todo este ‘processo’, perdi o apetite.)
Quando regressei, já se começava a formar uma fila.
A partir dali, foi tentar que o dia não custasse muito a passar.
Difícil, com tanto calor.
(Mas antes assim do que com chuva. Os deuses estiveram connosco, sem dúvida!)
Boné, protector solar, chapéu de chuva a servir de sombrinha, aproveitar sombra das árvores e dos postes de iluminação (os das bandeiras também).
Conversa para aqui, conversa para ali.
Sentar, levantar, mudar de posição.
O mais complicado é não saber se todo aquele esforço será compensado, porque é uma situação que não se controla.
Estamos ali há horas, desde a noite anterior, e não sabemos se vamos ficar num bom lugar, não podemos prever se aquelas pessoas que ali estão se vão 'passar' da cabeça.
Medo!
Houve uma altura em que as coisas se descontrolaram.
Estávamos numa entrada e, de repente, desatou tudo a correr para a outra porta.
Óbvio que ninguém queria cumprir a ordem anterior.
Gritos, insultos, nervos à flor da pele.
Felizmente, tudo se veio a resolver.
As meninas que organizam a lista, e que lá estavam na véspera quando cheguei, já têm alguma experiência nestas coisas e conseguiram conduzir a situação.
Com a preciosa ajuda dos seguranças, que assim que chegaram – demasiado tarde, na minha opinião – impuseram-se, mostrando respeito pela tal lista.
Deu para acalmar e pensar que ainda há pessoas justas e que nem tudo (quase!) funciona mal em Portugal.
A contagem decrescente foi dolorosa.
O sol estava mesmo muito quente.
Muitos escaldões!
O Parque das Nações estava “à pinha”.
Os acordes do soundcheck ouviram-se mais tarde do que o previsto.
Voltou o friozinho na barriga.
A última hora foi a que custou menos, por incrível que pareça.
Por volta das 18h30, abriram as portas.
Passagem pelos seguranças, registo do bilhete.
Tive sorte!
Que bom senti-lo e dizê-lo.
Valeu a pena a espera, o esforço, o cansaço, a ansiedade!
Fantástico, para quem esteve sempre nas bancadas – em 1998 e em 2005 –, vê-los assim tão perto.
Poder sorrir-lhes e estabelecer contacto visual.
Cantar, fotografar.
E curtir MUITO!
Obrigada aos Backstreet Boys, por não se esquecerem de nós!
Sei que somos um público especial!
P.S. » Não andei a ‘espalhar’ por aí que ia ao concerto, mas a quem me perguntava, claro que respondia. Continuo a sentir preconceito por parte das pessoas, aquela sensação de que nos tomam por “coitaditas”. Não consigo traduzir. Mas também sei de pessoas que até gostariam de lá ter estado...

sábado, março 29, 2008

this weekend


Estou 'toda partida', mas está a valer a pena!

“Um minuto de silêncio”

A minha última leitura, uma compilação de 60 textos inéditos de personalidades portuguesas.


“Vivo no silêncio desde sempre. Nunca ouvi nada. (...) Para mim, o silêncio são as minhas mãos. Elas são a minha grande riqueza, a minha língua, o meu pensamento, o meu olhar. (...) Nós temos a nossa língua, reconhecida pela Constituição desde 1997, mas a sociedade mal a conhece, e esse é o grande problema. (...) Quando nos chamam mudos, porque não oralizamos facilmente, ou dizem que temos uma linguagem gestual, é porque nos continuam a discriminar por aquilo que vêem em nós de inferior, e isso fecha-nos em nós próprios.”
José Alberto Ferreira, presidente da Associação Portuguesa de Surdos

“O silêncio depois do amor, quando a respiração e a transpiração se acalmam
e não é preciso nem possível dizer nem fazer mais nada,
porque se quer prolongar o prazer e eternizar o presente.
(...)

O silêncio da saudade, das ausências irreparáveis, do passado que não voltará.

O silêncio da cumplicidade, quando,
de um lado para o outro da sala
povoada de pessoas sem cara, um olhar, um gesto,um sorriso dizem tudo.”

Francisco Pinto Balsemão, presidente do Grupo Impresa

“(...) sempre considerei que o silêncio tem um som muito próprio. Dele e daqueles que o sabe, ouvir.”
Helena Sacadura Cabral, economista

“Desde novo tenho o hábito do silêncio (...). – nunca dispensei algumas horas diárias, de solidão e silêncio, (...) procurando traçar o meu próprio caminho, em paz de consciência. Por isso, nas minhas decisões, nunca me ocorreu desculpar-me com outros (...) porque foram sempre tomadas após reflexão silenciosa e assumindo-as plenamente. (...) habituei-me a estar só, compreendendo a força que representa conhecer-se cada um a si próprio (...). O silêncio, para quem o sabe preencher, é sempre benéfico.”

Mário Soares, político

“O autismo do silêncio por oposição à paz que o silêncio traz
(...)

O prazer de fazer amor em silêncio
(...)

Parvoíces:
‘Gosto do silêncio da tua voz’
‘Sinto o silêncio no teu olhar’
‘Amo-te discretamente em silêncio’

(...)

A palavra escrita interrompe o silêncio?
Porque resolvemos não falar é um silêncio?
Ou só porque não podemos emitir sons?
A proibição ou a doença são o verdadeiro silêncio?
(...)

Porque se quer
Porque se caminha para não ouvir o que não se quer

(...)
Qual é o silêncio dos surdos?
É como as sombras dos semi-cegos com cataratas?

O não dito
O não pronunciado
(...)
Eu leio na tua alma no silêncio do teu corpo adormecido.
No silêncio do teu ventre molhado.
No silêncio das almas partilhadas, sábio silêncio dos corpos que tremem para dentro que se contorcem sem deixar escapar um som,
e os estalidos dos joelhos e maxilares e saliva e respirações,
eventuais brincos a tilintar.
É este o barulho do silêncio aceite?


O voto de silêncio pode ser um grito revolucionário muito alto?
(...)
A palavra quebra o voto, e um espirro? (...)

O silêncio arrancou-nos a vida. o vazio. O desconhecido.
Ninguém sabe realmente o que é o silêncio.
E quem sabe não pode talvez explicar.”

Alexandra Lencastre, actriz

“O silêncio é hoje o mais sumptuoso, porque mais raro, de todos os luxos em Portugal. (...) Não existe dentro das nossas casas (...), muito menos nas ruas ou espaços públicos. (...) Perguntam-me muitas vezes por que não saio à noite. A resposta é simples: não suporto o barulho.
Há uma psicose tipicamente latina (...) que consiste em associar silêncio a tristeza, barulho a alegria. (...)
A minha vida é passada na demanda do silêncio. Não é só que precise dele para escrever: preciso dele para viver. Para sobreviver.”

Frederico Lourenço, escritor

“Puro deleite para todos os sentidos, não só para os ouvidos.
Só o silêncio permite ouvir ruídos subtis (...).
(...)
O silêncio que antecede o Amor.O silêncio tem de ser ouvido.”

Ana Salazar, estilista

“(...)
foi pronunciada
uma só vez
e calou-se
na desventurada
garganta
daquele ali
que mudo
nasceu
e por isso
a escutou(...)”

Paulo Teixeira Pinto, ex-presidente do Millennium bcp

“Sabes João, durante muitos anos hesitei entre ser cantora ou escultora!!!! (...) Claro, são as duas, artes de calar os outros. (...) Artes de fazer silêncio.”
João Cutileiro, escultor

“II
‘O silêncio que deixaste instalado no canto do sofá, sufoca-me!’
(...)
IX
‘Silencio-me no turbilhão das minhas ideias.’
X
‘Hoje acordei sem silêncio no peito. Deixei queimar a pele no duche para me certificar que existia.’
(...)”

Olga Roriz, coreógrafa

“Fecho os olhos e deixo-me levar. (...) Um profundo e dourado silêncio. (...) Um silêncio/ mergulho num buraco fresco de felicidade absoluta. (...) Tal como José Gomes Ferreira, também acho que ‘devia morrer-se de outra maneira’. (...) O que eu sonho mesmo é vir a ter o direito absoluto e inalienável ao meu minuto de silêncio.”

Herman José, humorista

“Há muitos tipos de silêncio (...). Um dos melhores é aquele que é quebrado pela música (...). Torna-se ainda mais intenso quando resulta de uma respiração sincronizada, de uma contenção espontânea que acalma o próprio fluir do ar. (...)

(...) Não há silêncio no fim de um concerto porque a audiência está grata pelo privilégio do som.


(...) Habitamos um universo ruidoso.

O silêncio é extremamente raro. (...) Com os ouvidos tapados ouvimos o fluxo do próprio sangue. O silêncio traduz-se quase sempre numa mera supressão de sons. No entanto, estas formas de quase silêncio são bem-vindas, pausas bem repousantes, perfeitas para a reflexão e para a criação.”

António Damásio, neurocientista

“Meti-me no carro a 150 quilómetros por hora numa corrida para a morte (...) comecei a travar, inexplicavelmente não tinha travões. Percebi que ia morrer e tive um flashback dos momentos mais importantes da minha vida. (...) Depois choquei com um candeeiro, e fez-se silêncio. (...) Pela primeira vez na minha vida parei para pensar: quem sou?

Para onde vou? Qual a minha missão neste mundo? E senti um desejo profundo de mudança. Tinha 37 anos e resolvi divorciar-me! (...) No silêncio recordei tudo aquilo que ajudou a minha formação intelectual e a minha personalidade e lembrei-me de Göethe que dizia ‘o talento desenvolve-se na solidão, o carácter no rio da vida’.”
Lili Caneças, apresentadora de televisão

“(...)
3. Um poema de amor sobre o silêncio (o silêncio depois de se fazer amor).
(...)
Se posso ouvir-te em silêncio... É no silêncio das coisas.
(...)

6. Nunca o silêncio como mordaça.(...)”

José Cid, músico

“Numa das vezes que fui à Expo, em Lisboa, descobri estranhamente, uma pequena sala completamente despojada, apenas com meia dúzia de bancos corridos. Nada mais tinha. Não existia ali qualquer sinal religioso (...).
Quase como um espanto, senti uma sensação que nunca sentira antes e, de repente, uma vontade de rezar não sei a quem ou a quê. Sentei-me num daqueles bancos, fechei os olhos, apertei as mãos, entrelacei os dedos e comecei a sentir uma emoção rara, um silêncio absoluto. (...)
(...) e quando saí daquela porta, corri para a beira do rio para dar um grito de gratidão à minha alma, e sorri para o Universo.
Aquela vírgula de tempo foi o mais belo momento de silêncio que iluminou a minha vida e fez com que eu me reencontrasse.”

Raul Solnado, actor

“O silêncio é o banho branco da ala.

No coração do silêncio nascem os ideias
na alma do silêncio nascem os sonhos
no corpo do silêncio nascem as paixões.” Rosa Lobato de Faria, escritora

“Ao nível do quotidiano mais banal, a introdução de um tema descabido ou de um comentário menos oportuno pode alterar fundamentalmente o ritmo de uma conversa.
(...)

Na realidade, tal como um pintor não pode espalhar as cores e desenhar as formas sobre nada (...) a música também se constrói sobre um elemento imprescindível e de transcendente significado, que é o silêncio.”

António Vitorino d’Almeida, maestro

“(...) o momento ficou-me para sempre gravado na memória. (...) Lembro-me que o olhar se perdia no horizonte... que fazia força para abrir os olhos, mas nada mais me era possível ver, a não ser aquela imensa linha recta... lá ao fundo... muito longe... (...)
... e por mais que andasse, por mais que acelerasse... não conseguia aproximar-me!
(...)
E nada mais havia... nada! Absolutamente nada!... Angustiantemente nada!
(...)
Aquilo sim! Era o deserto... estava a vivê-lo pela primeira vez! Mas se tivesse que dar-lhe um nome... chamar-lhe-ia ‘Silêncio’.”

Elisabete Jacinto, piloto

“Para mim, o silêncio é uma obsessão. (...) é um luxo e uma necessidade social premente. Nele toda a música, como a vida, se constrói e se debate para se fazer ouvir.”
Pedro Abrunhosa, músico


“Convidei-o para tomar chá. Aceitou. Para quebrar o gelo, tomei como minhas as palavras de P.Hensher: ‘Whereoff we cannot speak, thereoff we will go on guessing’. O silêncio ficou constrangedor. Baixei o olhar, fixei a chávena e deixei-me ir. Deixei-me estar.”
Sílvia Alberto, apresentadora de televisão

“Mas no momento da rodagem há um grito de ordem que nos entra pelos ouvidos e muda tudo: Silêncio vamos rodar! O silêncio estabelece-se até que uma última palavra se ouve antes da cena começar. Acção! E então o som da nossa voz excede-se e impõe-se maliciosamente naquele silêncio respeitoso e expectante.”

João Cabral, actor

“ O silêncio das portas que não batem
O silêncio do amor que não existe
(...)
O silêncio de ti, que já partiste

O silêncio da noite enluarada
O silêncio da noite da partida
(...)

O silêncio do grito da chegada
(...)

O silêncio de ti, de mim, de nós
O silêncio no espelho embaciado
(...)


O silêncio de uma vela não queimada

(...)
O silêncio do sorriso que não vês
O silêncio deste beijo que não sentes
O silêncio deste amor em que não crês

(...)”

Simone de Oliveira, cantora e actriz

“Para que o silêncio dos surdos não seja indiferente, é preciso que o saibamos quebrar com gestos de compreensão (...).”

Rui Nabeiro, empresário

“Poucas vezes alimentavas mais do que um minuto de silêncio. Ouvia-te de imediato a incentivar a comunicação e a puxares por mim ao limite, ou seja, a conta-gotas. (...) Com ou sem silêncio sempre sentimos uma sintonia que reflecte na perfeição o amor de mãe e filho. (...)Resolvi escrever para ti porque desta forma encontro mais uma maneira de quebrar o meu, e espero também o teu, silêncio. (...) Os papéis inverteram-se e passei eu (quem diria?) a arrancar-te as palavras da boca, a querer saber o que desenhas nos teus pensamentos. (...) Apenas o teu coração mexia, nem o teu olhar conseguia ver, mas o teu silêncio passava por mim com uma força inexplicável. (...) Sabemos que o silêncio faz parte da vida, mas não queremos estar calados enquanto não tivermos a tua vida de novo restabelecida.”

Pedro Miguel Ramos, comunicador e empresário

“No teatro, no cinema, no bailado ou na música, um minuto silencioso tem de ter uma intenção profundamente assumida porque soa a uma eternidade (...).
Quanto a mim, acho mais importantes os minutos não cronometrados de silêncio interior, em que uma pessoa se interroga sobre si própria e sobre o mundo que a rodeia (...).”

Jorge Palma, músico

“(...) uma parte importante de mim está ligada à música que ouço; e à maneira como gosto de viver os silêncios.
(...) Sinto o teu silêncio quando estou sozinho. Muitas vezes dou comigo a sentir a falta que me fazes, mas é mesmo do teu silêncio que me lembro quando sinto a tua ausência. É então que retenho aqueles momentos em que as palavras não fazem sentido e em que apenas nos vemos e tocamos. Gosto dos nossos silêncios (...). Quando tenho mesmo saudades tuas pego num disco de piano e é como se te sentisse aqui ao lado, os silêncios a modularem os sentidos, as notas a encherem os nossos segundos.”

Manuel Falcão, jornalista

“Porque há silêncio
há ruído
(...)

e o silêncio que espera sempre...
comovido

(...)”

Isabel Ruth, actriz

“Gosto do silêncio que incomoda, aquele que se sente como uma vertigem entre palavras e gestos, aquele que surge quando o guião decorado acaba. (...) Os silêncios que incomodam trazem consigo a turbulência da montanha-russa, a sensação de uma comichão que fere ao toque. (...)

Um dia, não cheguei a tempo ao microfone e, de repente, apercebi-me do quão belo era aquele momento. uma sala cheia, um palco cheio, colunas de som, instrumentos, centenas de mãos e bocas, corpos, calor, humidade e nem um só som. (...) a beleza desse acontecimento é apenas possível pela disponibilidade desse silêncio (...).”

David Fonseca, músico

“Era quieto. (...)

Ficara assim há tanto tempo que já ninguém lembrava da sua voz. (...) só pensava e, por pensar, era diferente de nós.

Olhava o mundo pela janela. Com um interesse absurdo e uma reverência completa até pelas coisas mais singelas.”

Edson Athayde, publicitário

“Não ouvir... será como um absoluto espaço em branco
(...)Ouvir a música é ouvir um som interior próprio, que nos vibra na alma. É também sentir o percutir do ritmo da terra, o silvar do vento, o sino que marca a hora na distância (...).


De alguma forma todos nós ouvimos uma música interior que nos põe em harmonia com o que nos rodeia. Cada um ouve e sente a sua própria música e cada um ouve também o silêncio.”
Laurent Filipe, músico

“Num minuto de silêncio damos muitas vezes volta à nossa vida – passada e presente – e ainda pensamos no futuro. O silêncio encerra coisas boas e más.”

José de Sousa Cintra, empresário

“Silêncio... é a palavra que ouvimos muito, mas conhecemos muito pouco!”

Marta Cardoso, colunista e ex-concorrente do Big Brother

“Caluda é uma urgência!Caluda já! (...)”

Mário Zambujal, comunicador

“É o som da distância. (...)
É o som que cheira a terra. (...)
É o som da sesta. (...)
É o som do preto. (...)
É o som da solidão. (...)
É o som da pausa. (...)
É o som do branco. (...)
É o som da exiguidade. (...)
É o som do embaraço. (...)
É o som do suspense. (...)
É o som da culpa. (...)
O único silêncio que conheço é o que se ouve. É o som que se ouve entre um som e outro.”

Pedro Bidarra, publicitário

“Ele gostava que ela estivesse ali, naquele momento, e percebesse, de uma vez por todas, que não há nada mais horrível, para um comediante, do que o estupor do silêncio.”

Nuno Markl, humorista

“A humanidade tem horror ao vazio. Mas tem sobretudo horror ao silêncio. Sentimo-nos desconfortáveis numa casa vazia. (...)Usamos o barulho para nos sentirmos acompanhados. Mas também o usamos para nos isolarmos quando andamos em multidão (...).”

Nicolau Santos, jornalista

“Outro dia me peguei traduzindo uma boa amizade com a seguinte frase: ‘É tão bom; a gente sabe ficar em silêncio.’ Gente que não precisa dizer nada, que no olhar, no estar, na cumplicidade diz tudo, sem nenhuma palavra.
Penso que o amor é assim. E daí, me faz pensar que a vida também.”

Roberta Medina, directora do Rock in Rio Lisboa

“Nessa imensa quietude,
onde esperamos que nada aconteça,
podemos viajar por toda a parte
e voltar ali, à procura de nós.(...)”

Rogério Jacques, actor

“Gosto do silêncio porque o oiço sempre que quero (...).
Ao longo dos anos fui-me afeiçoando a ele (...). Somos bons amigos, embora nem sempre bons conselheiros (...).
Vivem em silêncio não apenas aqueles que a natureza caprichosa privou da audição. Vivem em silêncio os que falam sozinhos, os que não se ouvem, os que só se ouvem, os que são surdos do coração.”

Margarida Rebelo Pinto, escritora

“(...) só no silêncio é possível escutar e acolher o outro, só no silêncio é possível o encontro.
– O gesto, a palavra, o silêncio. Mas, antes e depois do gesto e da palavra, o silêncio.”
António Vaz Pinto, padre

“Há sentimentos, emoções, comoções que em nós se manifestam em silêncio. Há momentos, fortes momentos que optamos viver desprovidos de palavra.
(...)
O silêncio é o calar, mas é também o sentir intensamente, o manifestar de afectos que ganham cor através dos gestos.

(...)

Em silêncio se ama, se cria, se constrói, se escuta atentamente, se reflecte o passado, o presente e o que há-de vir, sobre quem somos e para onde vamos.

(...)

E em silêncio se ri, se chora, se canta, se sonha, se partilha. Se escrevem profundos pensamentos e poemas pelas mãos dos poetas que assinalam uma época, um momento, a cultura de um povo.” Mariza, fadista


“Se eu tivesse que escolher uma idade da vida para exaltar o valor humano do silêncio, seria aquela em que o som omnipresente mais asfixiante se torna.

Se eu tivesse que escolher o silêncio da alegria, seriam tão só as palavras não ditas num olhar de afecto serenamente radioso.

Se eu tivesse que escolher o silêncio da harmonia, seria o da reconciliação do futuro com o da purificação da memória do passado, no cruzamento do ruído da rotina.

(...)

Se eu tivesse que escolher o silêncio de um sonho, seria o da serenidade de ele já não o ser.

Se eu tivesse que escolher o silêncio da esperança, seria sempre o da esperança do silêncio.
(...)”

António Bagão Félix, político

“Não digas nada

(...)”

João Gi, músico

“Num programa em directo, quando só falta um
minuto para estarmos no ar, o silêncio tem o peso
ensurdecedor do bater do coração. (...)
Ficamos suspensos num espaço onde o tempo
desaparece. (...)
O silêncio mal cabe no espaço que nos rodeia.
Uma força pronta a explodir com um prenúncio
de todos os princípios. É o mais violento sinal
de partida para o inevitável que tanto desejamos.
(...)
Este silêncio é como a sede que aprendemos a
apaziguar.
É este silêncio que dá sentido à acção. Que nos leva
ao sonho, ao nascer de todas as emoções, ao
despertar de todos os nossos talentos.

Este é o silêncio que morre no coração.”
Teresa Guilherme, produtora

“Preciso de silêncio para o ouvir. (...) Preciso
de silêncio para vasculhar memórias, sem que
o passado se apodere do espanto. Preciso de
silêncio... (...) um nada-querer-fazer. (...)
Para escolher um caminho sem recusa. Agora,
não me peçam é para guardar silêncio do que
agride, do que castra, do que indigna. (...)
Há silêncios que não são de ouro. (...)”

Manuel Luís Goucha, apresentador de televisão

“1
O silêncio feito de grato emudecimento, na praia, quando a manhã ainda se confunde com a madrugada. (...)
O inconfundível silêncio do princípio da manhã, só meu, feito de neblina e tingido de iodo, todo meu, que partilho com a maresia que se desprende do ar salgado. (...)”

Maria João Avillez, jornalista

“É uma voz que existe talvez dentro de uma sala. É uma voz sozinha que não tem a certeza onde está porque não há outras vozes à sua volta. Nem sempre foi assim. (...)
É uma voz que, como todas as outras, não tem olhos e, por isso, sozinha, não sabe exactamente onde está. (...) Sozinha, essa voz encontra apenas a escuridão. (...) Quando se interroga a si própria, essa voz acredita que chegará um dia em que encontrará todas as frases que já disse. (...)”

José Luís Peixoto, escritor

“Gostava de conhecer o silêncio mas, cada vez que o pretendo, é a mim que encontro. É a voz do pensamento que descubro. Que me procura. (...) Escassas são as alturas em que se cala plenamente. (...)”

Joana Amaral Dias, investigadora