sábado, fevereiro 18, 2006

Não me contes o fim (2)

"Chorei depois, muito depois, nessa noite. (...) pedindo (...) que as estrelas do céu fossem seres vivos, inteligentes, testemunhas comovidas dos meus fracassos."

"Na realidade, é tão ofensivo chamar cobarde a um homem como puta a uma mulher, e igualmente irreversível, porque o epíteto se cola à pessoa para sempre como uma cola extra-forte que nenhum diluente consegue solver, e, sobretudo, porque fere a única zona realmente sagrada do ser humano: a dignidade."

"A vida detesta equívocos e, não sei como, arranja sempre maneira de nos obrigar a desfazê-los."

"Há lágrimas que não se vertem, mas que se esvaem internamente, como hemorragias."

"Não importava o que falávamos. Havia um discurso que passava dele para mim e o inverso e que dizia o que não conseguíamos formular."

"A vida é feita de suposições e ganha quem melhor se saiba orientar nas trevas da incerteza. Na realidade, todo o humano aceita o enigma da vida com relativo desportivismo, apesar de transcender as suas capacidades. Mas não estaria nessa dificuldade, sobretudo, o interesse da vida?"

"A vida fala, nunca a ouviste?"

"O passado instruíra-me e educara-me, mas também me marcara."

"Preciso de si, não sei viver sem si. Acredite que tentei, mas não consegui. É isto o amor? Ou é apenas o sangue, esse sortilégio que nos transcende e subjuga?"

"Não, nos homens não pode ser tão grave. Para eles, ser pai é uma emoção, uma responsabilidade e um encargo. Ser mãe é muito diferente. É encher o corpo como um balão até à imobilidade, durante nove meses, e uma dedicação insone para o resto da vida."

"(...) saberiam eles o que significa falar e sorrir, seduzir ou trabalhar, discutir, cozinhar, comer, dançar ou arredar um móvel jorrando sangue continuamente e ter que proceder como se nada fosse, naturalmente? Viver em permanente hemorragia, com um penso ensopado entre as pernas ou um cilindro espetado na vagina, e ter que mudá-los seis vezes ao dia no lavabo sujo de uma estação de comboios, num bar de praia, num restaurante, num avião, num barco, num acampamento, numa excursão de camioneta ou numa prova desportiva? E tudo isto desde os treze anos, durante quarenta, todos os meses e ao longo de cinco dias?"

"Mas ouvir um homem chorar alto, sem vergonha nem domínio, é um tormento insuportável a qualquer coração, mesmo de pedra."

"Também aprendi: podemos inspirar aos outros forças que não possuímos."

Rita Ferro

4 comentários:

Anónimo disse...

:)
E este:
"A vida fala, nunca a ouviste?"

Beijo.

Mariana Neves disse...

Vou começar hoje á noite a ler esse livro. *.*

- também tenho o vicio de tirar as melhores passagens dos livros.

beijinho

Anónimo disse...

Olá!
Tive que ler esse livro para a aula de portugues, e agora algum tempo depois a prof pediu.nos para fazermos um trabalho.
Nesse trabalho vou por um excerto e escolhi: "Na realidade, é tão ofensivo chamar cobarde a um homem como puta a uma mulher, e igualmente irreversível, porque o epíteto se cola à pessoa para sempre como uma cola extra-forte que nenhum diluente consegue solver, e, sobretudo, porque fere a única zona realmente sagrada do ser humano: a dignidade." Mas nao sei qual e a pagina se me pudessem ajudar agradecia.
Obrigado

Anónimo disse...

Chamo.me Octavio so que estou com um bocado de pressa e nao me registei