quinta-feira, fevereiro 08, 2007

A ver se sai alguma coisa cá p'ra fora

Para mim, é difícil falar de certas coisas.
Por serem demasiado minhas...
(Mas acho que me vai fazer bem.)

Esta noite sonhei com a única pessoa que, até hoje, ouviu da minha boca (e alma!) a palavra "amo-te".
Sempre que isso acontece, fico assim.
É tão - não sei como - que, quando acordo, parece que acabámos de estar muito perto um do outro.
Estranho.
Há sonhos assim!
Mas foi a primeira vez em que, no sonho, eu estava bem, tranquila, e em que parecia que era ele que me queria dizer algo, demonstrando-o com pequenos gestos e atenções.
Porque, até aqui, eram sempre sonhos muito angustiantes para mim.
Ficou tanta coisa por dizer, por perceber.
E a minha postura era, ainda, a de querer mostrar, demonstrar, quase submissa.
A cordialidade foi restabelecida há cerca de um ano.
Talvez seja isso.

De qualquer forma, foi tudo uma grande desilusão.
Já lá vão mais de cinco anos.
Ficaram marcas, sem dúvida.

Mas, na altura, foi tudo inesperado.
Dávamo-nos muito bem.
O resto foi surgindo.

Há menos tempo, um ano, conheci alguém que me agradou de imediato.
Algo que ainda não me tinha acontecido.
Pareceu recíproco.
E foi (só que, assim como começou, acabou!).

Desilusão em cima de desilusão é complicado.
É como se fôssemos buscar tudo novamente, ao baú das lembranças.
Mas com novas angústias.

Mas já lá vai.

A minha postura, pelo menos até aqui, sempre foi a de esperar.
Nunca corri atrás porque acredito, honestamente, que o que tiver de ser, será.
E, pela minha experiência, não adianta forçar.
Ou querem os dois, ou não.


Também há o facto de ser filha única.
É fulcral.
Desde muito cedo que SEI que estou sozinha, para o que der e vier.
Não posso estar à espera dos outros.
E, como tal, não estou à espera de casar, para sair de casa dos pais, por exemplo.
Quando sair, será por mim.
Será, principalmente, porque já tenho alguma independência económica para o fazer.
(Por isso é que ainda não o fiz.)

Enfim.

Estou em Elvas há cerca de dois meses.
Vim para cá porque sim, porque faço o que gosto (apesar dos senãos), porque quis arriscar, mudar de ares...
E, como é muito pouco o tempo que me sobra, raramente saio.
O que é engraçado é que, a única vez que posso dizer que "saí", foi para ir ao Tea and Wine (o bar mais giro daqui, sem qualquer dúvida, equivalente a qualquer um de Coimbra, Lisboa ou Porto).
Nessa noite, nesse bar, reparei que alguém olhava.
Achei piada, mais nada.
Alto, moreno, olhos azuis... um ar simpático mas também demasiado seguro.

Entretanto, lá comecei a ir ao ginásio no dia 1 de Fevereiro, quinta-feira.
E lá o encontrei.
"Que giro!", pensei eu.
Numa de flirtar, brincar apenas com o olhar, nada mais.
E assim tem sido.
(Ultimamente, nem tanto, não tenho tido disposição.)

Tudo isto para ir ao que quero realmente contar.

Na sexta foi o meu segundo dia de ginásio.
Antes disso, à hora de almoço, estava eu na Caixa Geral de Depósitos e, olhando cá para fora, reparo numas pessoas... era o dono do ginásio (tão simpático, o senhor!), a mulher (deduzi) e um rapaz... talvez filho...
Confesso que me agradou, mas não dei importância.

Ao fim do dia, lá fui eu 'malhar'.
E estava à espera de ver o tal, o do bar.
Só que não estava lá.
Nem ia aparecer.
Ok.

Reparei foi que, na mesa, à entrada, estava sentado... o mesmo rapaz que tinha visto da janela.
(Hmm...)

Lá fui eu exercitar-me.
Pelo menos, para já, o senhor (o dono) é que me diz o que fazer.
E, sinceramente, prefiro. Sempre ajuda a não desmotivar.

Volta e meia, reparava que o rapaz (querido!) ia olhando.
Só que eu, nessas situações, penso sempre que não é nada comigo.

É alguém que está atrás de mim ou assim.

Terminei os exercícios numa máquina (não me lembro o nome) que simula o subir escadas, ou algo parecido.
Já havia pouca gente no ginásio.
E o dono estava a falar com o rapaz (por sua vez, seu enteado), os dois em pé, quase à minha frente.
Até que a conversa acabou.

Eu numa de não olhar muito.


Até que é ele que se vira para mim: "não és de cá, pois não?".
Não parámos mais de falar!


Ainda me foram mostrar uns gatinhos acabados de nascer (tinham um dia) e deram-me boleia.

Voltei a vê-lo, no dia seguinte.
Mas não deu para falarmos.
Na quarta, soube que tinha voltado para casa.
(Estava cá de férias.)

Gostava de o voltar a ver, só isso...

5 comentários:

Frédéric disse...

:)Que lufada de ar fresco...

Lord of Erewhon disse...

Sonhaste com a tua mãe? :)

GK disse...

Reparaste que foi a primeira vez que disseste tudo num post? Tudo, isto é, não deste "umas luzes" sobre o que te vai na alma. Disseste-o. Espero que te sintas mais leve...

Ainda bem que apareceu alguém interessante. E mesmo que já não esteja aí, cumpriu a sua função, não? Isto é, fez-te sentir apreciada, deu-te a atenção que tantos querem e esperam até desesperar. Talvez até te tenha feito sentir especial. Talvez a única "função" dele na tua vida fosse passar ao de leve e mostrar que ainda vives, que ainda despertas interesse, que és especial, que és mulher, que és linda.

Talvez o tal dos olhos azuis faça o mesmo. Talvez não faça. Mas é bom ver novamente todas as possibilidades, não é? È bom imaginar, sonhar, lembrar como é bom amar… mesmo que seja ainda e apenas uma longínqua possibilidade…

Beijo GRANDE!

Eduardo Ramos disse...

Escrita com calma e lucida.

De facto os 24 anos fazem voar.
Voar como uma águia que procura sem parar.

Eu já tive 24 anos. E sei.

As coisas acontecem quando não se procura.
Acontecem quando menos se espera.
Não procures nem lambas feridas.
Espera, mas de olhos abertos.

#1 disse...

Quando deixei de procurar, as coisas vieram-me ter às mãos, assim será contigo, tal como é com toda gente.
Enterra o passado, guarda as coisas boas, mas sem a sensação de nostallgia, guarda apenas com a recordação de que FOI bom.

Vive o presente sem pensares no passado nem no futuro.
;)