Maria Vitória

De Santa Comba Dão.
Em tempos, escreveu uma carta a António Sala.

Entre outras coisas, contava a sua história.
Não tinha braços nem pernas.
Vivia num sótão, sem janelas.
E o pedido dela era para poder ter, de alguma forma, imagens do seu país.
O apelo foi feito, na rádio.
Centenas de postais ilustrados foram-lhe enviados, pelos ouvintes.

Algum tempo depois, um grupo de músicos mostrou interesse em ir até Santa Comba Dão.
O problema é que não tinham meio de transporte.
Mais uma vez, a rádio serviu de meio para novo apelo.
No dia seguinte, dezenas de carros apareceram.

Dessa visita, os músicos trouxeram a gravação de uma entrevista.
Cassete que António Sala fez questão de transmitir, mesmo sem a ter ouvido previamente.
Nessa conversa, Maria Vitória revelava o seu maior sonho: ter uma janela por onde pudesse ver as ruas, as pessoas, o mundo.
Foi aí que António Sala se dirigiu (radiofonicamente) a Santa Comba Dão: à autarquia, às empresas, ou outras entidades, e às pessoas.
Resultado: em pouco tempo, arranjou-se um terreno e construiu-se uma vivenda (com janelas!) para Maria Vitória.
Ao que parece, ainda hoje lá vive.
E, incentivada pelo próprio locutor, começou a pintar e a escrever (muito bem!) com a boca.


O que dizer?
Inspirem-se e sonhem!